Expedição América do Sul - 3ª e Última Parte - (Página 1/2)


 
Um projeto que começou humilde, foi se alongando e ganhando muito conhecimento e aventura.
Diferente das outras partes da Expedição, essa foi com certeza bem mais difícil, mais aventureira, muito mais perigosa e prolongada. O que teria sido de mim sem... Deus!

O roteiro nessa parte final, consistiu em sentido Anti-horário pela América do Sul, entrando pela Guiana Francesa e adentrando por algumas estradas mais perigosas e difíceis do planeta.

Para quem não sabe, além de minha meta de visitar todos os países da América do Sul, solo, de moto, também fiz os "4 Extremos Continentais da América do Sul", por isso a necessidade de ter ido ao nordeste (ponto extremo leste), ao sul já visitei quando fui ao Ushuaia, então temos Puntas Gallinas ao Norte e Punta Balcones com o extremo oeste!

Novamente a dificuldade financeira, não tive bom êxito com as vendas do meus DVD´s, tenho ganhado muitos descontentes pelo simples fato de às vezes divulgar meus DVD´s pelas redes. Não é meu intuito e nunca foi de ficar rico com isso, e muito menos de fazer inimizades, quero mesmo só repassar o que já vivi, aprendi com meus erros e tentar ajudar a quem quiser viver uma vida de verdade..., por isso fui obrigado a parar de divulgar as vendas, deixa rolar, vou me virando rsss.
Estou pronto para escrever o livro!



 

MAPA/ROTEIRO:






* 1º DIA: 18/08/2018
   Goiânia - Bom Jesus da Lapa - 913 km
Saindo às 02:30 da madrugada, nada de mais nesse trecho, a não ser a bela Correntina, Bahia, vou voltar aqui!
913 km, 14h, para Tenere 250 é algo em torno de 1600 km para uma 1200 hehehe, é bem puchado. Não rende, não pode ter pressa! 
Passei Bom Jesus da Lapa e já comecei a preocupar com onde dormir.
Fiquei de olho no Camping Selvagem, depois de uns 20 km da cidade, longe de tudo, sem casas nem movimentação de humanos, adentrei a uma estrada de chão meio abandonada por dentre o cerrado, fui indo até achar um lugar bem impossível de alguém achar, bem isolado, uns 100 mts da rodovia. É aqui mesmo. Já enviei localização Spot do camping pra casa e fui cuidar, pois tinha pouco tempo de luz do dia para fazer comida (minha primeira refeição hoje, o velho e clássico Nissin Niojo com sardinha), lavar vasilha e ajeitar as coisas antes das 18:30h, pois a noite vem cedo. 
Mosquitos, putz, foi uma festa kkkk. Faz parte! 
A lua, as estrelas, foi um espetáculo a parte!
Nem precisei cobrir por causa do calor.
Apesar de longe de tudo, foi tenso, não consegui dormir direito, descobri que sou muito medroso kkkkk. 
Mano, ouvi todo tipo de pisadas e sons de animais, até um elefante apareceu por aqui kkkk 90% desses monstros abomináveis era o vento sacudindo a lona da barraca, mas os outros 10%...Hummmmm, veio até alienígenas me visitar hoje hehehe. 
O que eu não faço pra economizar 50 reais do hotel kkk. 
Acordei 5h, com a claridade. Vai ser outro dia com sono. É atenção redobrada aff. 
É ajeitar e pegar estrada!
Separei todo o lixo para levar comigo, um ponto legal nesses tipos de camping é você praticar e aprender Sustentabilidade, como conseguir cozinhar, lavar, tomar banho, escovar os dentes com 2 lts de água, fazer o mínimo de lixo e separar para levar, não destruir o local com sua presença, etc. Não sou dono da verdade, mas sempre que posso sou sustentável, nada de canudinho para bebidas rssss.








* 2º DIA: 19/08/2018
   Bom Jesus da Lapa - Amélia Rodrigues - 780 km
Foi outro dia puxado, 14h rodando, já cansado de 2 dias consecutivos sem dormir direito e sem banho, mas tá bom, é só tomar muita prudência e precaução, bastante alongamentos para as várias dores pelo corpo ainda não acostumado à nova rotina.
Olha, conheci a linda Bahia, seu interior é show, aqueles simples vilarejos de terra branca, uma geografia fantástica, lindas serras, as usinas eólicas, a linda Milagres e suas gigantescas Rochas, a enorme Feira de Santana, o povo muito feliz e receptivo, todo mundo andando de moto sem capacete e falando ao celular, liberou geral kkkk.
Durante o dia conheci um brother gente fina, viajamos juntos um tempão  curtindo as serras, valeu Celso Luiz!
Não deu camping hoje, das 4 em diante só cidades juntas, chuva fina e frio, deu não. 
Achei uma pousadinha em Amélia Rodrigues, perto de Salvador. Preciso descansar e dormir, o corpo tá exigindo isso. Não tô aqui para dar uma de herói, não mesmo. 
Ansioso por amanhã, chegar ao mar, ihuuu. 




* 3º DIA: 20/08/2018
   Amélia Rodrigues - Praia do Francês - 642 km
9h de rodagem, com chuva. O trecho bom foi só quando chegou no litoral, muito lindo esse tal de mar. Adentrei ao mar com a moto, foi show, conheci Aracaju, Putzzzzz, preciso voltar aqui tb kkk, muito lindo aqui.
A ideia é pernoitar na Praia do Francês, que sempre tive vontade de conhecer, dormir lá, com ou sem camping. Mas, como sempre chego a noite, muito cansado, ainda gripado. Fui procurar camping, não encontrei, fui nas pousadas, rodei tudo para achar a mais baratinha, bom que passeio pela cidade, show aqui, pena não chegar a tempo de um banho no mar. Fui comer algo. Achei uma sopa grande 10 reais, pena que não encheu rss, mas aguento o café da manhã.

Não estou arrependido de deixar tanta beleza para trás, porque meu foco não é nordeste, são os 12 países por lá. Aqui só estou para registrar meu ponto leste em João Pessoa, mas da para aproveitar. Ehhhhh nordeste, um dos maiores e melhores complexos turísticos do mundo! Parabéns povo!






* 4º DIA: 21/08/2018
   Praia do Francês - João Pessoa - 478 km
Hoje foi dia de conquistas!
Tomei um café da manhã reforçado, pois seria o dia sem comida. Passei por lugares lindos, Maceió, sem dúvida, vislumbrante região. Visitei meu amigo das antigas, Servulo e sua esposa, que moram em Hibiscus, muito tentador o convite de ficar, mas tenho que subir, infelizmente. Maragogi, outro paraíso.
Mas meu destino/objetivo estava perto, Ponta Seixas. Cheguei em João Pessoa às 4 da tarde, ótimo, sem estresse para procurar onde dormir depois. Fui ao tão esperado ponto mais extremo leste da América do Sul, Ponta Seixas! 
Inacreditável, sou movido às minhas metas e quebrar rotinas e objetivos. O que é a vida de uma pessoa sem sonhos e metas, objetivos e quebra de paradigmas?!
Uma sensação incrível, de ir ao ponto mais ao sul, depois nos outros pontos cardeais. 
"Viva sua vida hoje, saiba que seu pouco dinheiro pode lhe trazer altos lucros de felicidade". 
Pronto, 2/2 objetivo conquistado! 
Depois de fotos e vídeos, fui à um outro ponto importante, o marco zero da Transamazônica, a temível BR 230! Show.

Estranho, a região aqui anoitece 17:30, então o sol já tinha ido e não achei onde dormir. Quando fui à Ponta Seixas, já estava arrumando um lugar para acampar quando veio um senhor e disse para eu vazar dali, apesar de ser um camping, já ouve 3 assaltos esse mês, era perigoso ficar. Ainda bem que avisou, saí e fui à Cabedelo, tirei a foto e fui caçar Pousada, já escuro, numa cidade grande, trânsito caótico e chuva para cair. Combinação perfeita para meu caos. 
Não curto cidades grandes, tudo é longe, perigoso e difícil de achar. Rodei muito atrás de lugares baratos. O problema é que não achava nada. Rodando num trânsito lotado, hora de rush, cansado e nada de hotel. Só depois de muito Google Maps achei uma pousada lá no fim do mundo rsss. Só quero banho e cama. 

Preciso de um lugar para descansar uns 2 dias. Só tenho rodado muito, cedo até a noite. Muito cansado. Amanhã vou para Canoa Quebrada, de novo chegar a noite lá, mas vou ficar no próximo dia também. 
Bora rodar! 










* 5º e 6º DIA: 22 e 23/08/2018
   João Pessoa - Canoa Quebrada - 550 km
Meus amigos, antes de começar, deixa eu dar um adendo sobre o blog:
Essa plataforma de blog que uso, eu defini com muito estudo e pesquisas, de colocar tudo em 2 páginas só. O modelo padrão do Blogger, empurra vc a postar cada dia numa página, o problema é que depois de uns 20 dias, vai virando uma poluição total, os links são difíceis de acompanhar, difícil de procurar, etc, imagina 100 dias, 100 páginas? É uma bagunça de blog. Aqui não, criei em 2 páginas só para toda aventura, assim a pessoa começa a ler enquanto o blog vai carregando abaixo. Muito mais eficiente e fácil de pesquisar e acompanhar!
Mas vamos lá:
Saí às 7h hoje para render o dia, que teria que chegar mais cedo para aproveitar lá em Canoa Quebrada. Atravessei RN e Ceará num sol de 37 graus, que isso, goiano num tá acostumado com isso não menino, nóis derrete tudo kkkk. Foram retões intermináveis com a Tenerezza no gás (90 km/h tadinha kkk). No caminho parei em Parnamirim para esticar a corrente da moto, na "Nossa Moto Yamaha", e ganhei a troca de óleo! Putz fiquei feliz demais  obrigado pessoal, muito bom lá, obrigado Neto Batalha!

Cheguei em Canoa Quebrada às 16h, ótimo. Procurar pousadas baratas. Acho top viajar fora de época de temporada, tudo mais barato kkk.
Fiquei numa Pousada de 60 reais de frente ao mar, top. Não quis arriscar campings aqui não, tudo 25, 30 reais sem café da manhã. Não compensa.
Canoa Quebrada é lindo demais, compensou demais programar para ficar 2 dias aqui, meu último contato com o Atlântico. Tô muito cansado desse batidão de tocada intensa todos dias até a noite. Já cheguei e fui logo a um banho de mar, ihuuuuuu alegria de pobre é bão demais kkkk.
Amanhã vou fazer umas tomadas de vídeos, quero lançar o primeiro vídeo da Expedição no canal YouTube amanhã mesmo! Se inscreva lá: DiarioDoPresi
Anoite aqui é outro atrativo, tem uma bela rua do Lazer, Broadway, muitos bares top, (sempre assim quando vou dormir mais tarde e não saio amanhã, vou numa mercearia comprar energético, é quase a metade do preço que comprar no bar que vai comer, segue a dica rsss), fui comer algo e curtir a night aqui rsss. Ventania forte!

No outro dia fui fazer umas tomadas para o novo vídeo do canal YouTube e aproveitar a praia. A cidade durante o dia é morta, quente, se não for para os passeios turísticos é ficar no hotel, sem ar, sem TV, sem ninguém na região kkk. Mas tá bom, lavei umas roupas e fui descansar.
A noite fui comer algo, tudo caro, então fui num sanduba X-tudão! Dormi cedo, no outro dia é puxado e camping! 












VÍDEO:

* 7º DIA: 24/08/2018
   Canoa Quebrada - Parque Sete Cidades - 584 km
Saí às 05:30h, já sol quente, sem café da manhã, que por aqui só a partir das 08:00hs, eu hem kkkk.
Sol quente de rachar, nada demais pelo caminho, só sertão mesmo, estrada boa, passei por Fortaleza, vontade de ficar, mas não rsss. Ceará, lindo! Pelo caminho muitos bodes, cabritos, porcos na estrada, atenção redobrada!
Como já sabia onde iria acampar, toquei direto, uso um aplicativo iOverlander para campings, é alimentado pelos viajantes, Mochileiros, etc. Top. O dia que vou acampar tenho que programar para rodar até no máximo 16:00hs, porque tenho que aproveitar a luz do dia para armar barraca, banhar, cozinhar, comer, lavar e organizar tudo antes da escuridão. Achei no iOverlander um hotel fazenda dentro do Parque Nacional de Sete Cidades, perto de Piripiri, top. A diária aqui é 150 reais, mas me fizeram por 15 reais para acampar, com eletricidade, banheiro, Wi-Fi, bem melhor né. Nada melhor que um banho depois desse dia quente e puxado.
Muito estranho este aqui, tem só eu dentro de todo complexo aqui kkk sinistro, meio que abandonado, sapos enormes... Fui fazer minha comida e dar uma olhada no entorno. Bora dormir.









* 8º e 9º DIA: 25 e 26/08/2018
   Parque Sete Cidades PI - Bom Jardim MA - Belém 1098 km
Acordei 05:30h, não sei porque não passo disso, aff, o ruim é que depois viaja com aquelas piscadas de sono rss. Fui ver a calmaria da floresta, muitos pássaros, arrumei a tranqueira e parti! Dia inteiro de muito sol e calor, nada de interessante, a não ser ver tantas motos com 8 pessoas sem capacete passando pelas barreiras da PRF de boa kkkkk. 
Preciso me acostumar mais à moto, na questão de dores nos músculos e o fato de não render km, mas vai melhorando creio eu... Na hora que chegar lugares turísticos melhora.
Deu 16:30 e não dava para rodar mais, detonado, parei em Bom Jardim e fui procurar hotel barato, 50 reais, não acha menos. Um delicioso banho e fui procurar algo para primeira refeição do dia, outro problema. Nada de qualidade, tem que ficar de olho em certas comidas, senão estraga tudo hehe. O melhor que achei foi um sanduba de 6 reais, pensa na qualidade kkkkkkk. 
Ainda bem que amanhã chego em Belém, já começa melhorar! 

No outro dia:
Até que dormi bem hoje, hotel barato mas com ar condicionado, tudo melhora, ar condicionado por aqui não é luxo, é sobrevivência! Saí às 7h, e bora rodar. Engraçado que como a geografia muda muito quando vai se aproximando de Belém, do sertão quente e seco, para mais floresta com rios de água preta e limpa.
Cheguei em Belém às 16h, fui direto para casa do meu primo e tios que já me esperavam.
Como Belém é grande, a grande região é muito movimentada, sorte ter chegado aqui num domingo, penso que meio de semana é caos no trânsito. 
Amanhã é dar um trato na moto, trocar o tão esperado pneus Mitas E07, uma geral na relação, trocar óleo, comprar passagem para o barco para Macapá, etc. Tenho um grande apoio de um amigo aqui, o Leandro Torres, muito obrigado amigo!
Obrigado você que está me acompanhando. É bom saber que não estamos sozinhos! Deus esteja contigo!


* 10º DIA: 27/08/2018
   Em Belém - 10 km
Olha... As vezes não canso de agradecer, o tanto que nossa irmandade é forte. Hoje recebi um apoio muito forte aqui em Belém, esse pessoal do Nortistas MC, o Leandro Torres Imbiriba, o Professor, o Gladiston, enfim... Um pessoal muito forte em dar apoio, eu precisava dar uma geral na moto aqui, comprar passagem de barco etc, eles já passaram rádio um para o outro e em minutos toda logística já foi eficientemente organizada em me ajudar, me pegaram cedo aqui onde estou no meu primo e tios, logo eu estava num lava-jato limpando minha relação que estava impregnada de areia e Motul C4, ufa, limpinha agora rss. Depois já fui trocar os pneus, até que enfim o Mitas E07, o famoso da República Tcheca! (tomara que não decepcione!). Já havia comprado na Moto Rides Curitiba e despachado para cá. A moto ficou muito mais alta, não dá pra ter um parecer por agora, em breve vou pegar Off-Road lá perto da Guiana, daí já falo algo. 
Deu um trabalho e tanto colocar esses pneus, pois, tem a Câmara de Ar reforçada que também é Mitas, a única no mundo com classificação TD06, tá bem difícil ter problemas com furo agora rsss, não é impossível, mas... Estou preparado! (os pneus antigos rodaram 13 mil km e estavam meia vida ainda, mas doei para um integrante do MC deles aqui, pois não sou de levar pneu amarrado na moto para passear!).

Depois fomos para uma cc yamaha aqui, a Terranew Motos, que deu outra geral na moto, óleo, filtro, arrumou um suporte para bolha, esticar corrente, etc, gente boa, um Venezuelano e um Colombiano que cuidam lá rss, muito gente fina, já trocamos contato para possível apoio na Yamaha da Colômbia também, pocha rsss... Lembrei dos amigos da Belcar Motos lá de Goiânia, sempre na maior eficiência, saudades, esse pessoal é sempre muito prestativo com quem viaja né, gostei. 
Enquanto isso o Gladiston já tinha visto o contato do amigo no barco e já me reservou para amanhã às 10h no porto com um desconto muito bom, de 800 para 500 reais, para mim e moto. (geralmente é mais barato esse trajeto, mas para quem fica em redes. Rede pra mim é suicídio, não posso brincar mais com minha cirurgia da coluna, pode estragar tudo, já até tentei, mas não dá, infelizmente nesse caso preciso ir no camarote do navio, por isso mais caro um pouco, até pedi para deixarem por meu colchão no chão, mas não deixam).
Depois me levaram para almoçar e até pagaram a conta! Mano, fiquei muito sem graça com tanto apoio kkkk. Mas muito grato! Ainda não acaba, pois amanhã o Leandro vai vir me pegar aqui e levar até o barco também, fora isso também arrumou onde ficar lá em Macapá kkkk. Top, obrigado mesmo! 
Depois fomos dar uma voltinha pela cidade, linda Belém! A tal Estação das Docas, o tal Ver o Peso, é coisa de outro mundo, tem que conhecer.

* SOBRE A MOTO: Bom, até agora tudo ok, fora a preocupação com a relação que até os 8 mil km não havia dada a primeira esticada na corrente, até aqui aos 13 mil km, já foram 3 esticadas devido à tocada e peso, isso me faz pensar que não vai dar para fazer toda expedição. Já começo a pensar onde vou ter que comprar e/ou trocar. Já descobri que Colômbia tem muitas Tenere 250 e a yamaha é forte por lá, então já me deixa aliviado... 
Com relação ao Banco do Pedrinho, é bom, mas não milagroso, (melhor que o original), até então estava ótimo, mas viajar todo dia, até 14h sentado ali a bunda sente sim, vou improvisar algo, paciência!
Consumo está por volta de 29 à 32 km/lt rodando à 6, 6500 mil giros, coisa de 80 à 95 km/h (gps, pois painel da bem mais e não vale rss). Acima disso é ruim.
Peso e dirigibilidade: Um Tesão, tô adorando isso rsss. Entro e saio de quaisquer lugares sem problemas. Os reforços que fiz estão sendo muito úteis! 

Enfim, é descansar, amanhã parto para Macapá! (e tá começando a ficar interessante rsss) 
Obrigado amigos, obrigado mesmo













* 11º e 12º DIA: 28 e 29/08/2018
   Belém - Macapá - Navio
Logo cedo o pessoal do Nortistas MC já me pegaram e fomos por um tour pela linda Belém até o Porto Tamandaré. Para mim tudo é novidade, esperando a maré subir para dar rampa e embarcar a moto, tudo ok, amarrada e nos despedimos, mais uma vez obrigado amigos, isso sim é um apoio, irmandade em alta!
O legal é chegar antes para não ter dor de cabeça lá, paguei R$ 500,00 para mim e moto (o normal seria uns 800, mas os Nortistas tem os conhecidos aqui). Na rede ficaria mais barato, acho que uns 350, porém como já relatei, fiz cirurgia da coluna tempos atrás e rede para mim é suicídio, já tentei forçar, mas não dá, aff. Até pedi para deixarem por o colchão no chão, mas não permitem, regras marítimas. Ainda bem que não preciso de rede para andar de moto, senão tava feio.
Mas camarote aqui até que é top (claro, não é o luxo de um hotel, estamos num navio básico, é restrito, pequeno e simples, o pé e cabeça encostam nas pontas rss), tem ar condicionado, banheiro, tomada, privacidade. 26h aqui, agora é me ajeitar e curtir a experiência. Nusssss, olha, antes de vir eu tinha uma visão bem diferente disso tudo, algo entediante, sem graça... Mas não, é muito bom, toda esse regionalismo me fascina, a população ribeirinha, suas vidas, seus cotidianos, tudo muito rico. Os barcos que peguei até hoje foram balsas, não navios. É diferente. Curti cada milha náutica!
Tem almoço e janta também, 15 reais cada, café da manhã está incluso de graça, mas vou aguentar só a janta para economizar. É só ir bebendo água.
Tem bebedouro de água gelada e limpa (quase rs, é bom levar sua água mineral de 2lts) , mas o banheiro é água do rio, muito escura, para eles normal, dizem não ser suja, mas o natural dela é assim, banham, escova dentes, lava, cozinha com essa água parda. Tá, não vou morrer com isso não, gosto de entrar no clima.
Depois de certas horas, começa a virar mesmice, é bom se controlar, mesmo porque no outro trecho que vou pegar daqui uns dias lá em Manaus serão 6 dias! Tem que achar entretenimento, jogos, celular sem conexão, livro, etc.
Uma coisa que me chamou muita atenção aqui, algumas pessoas já acostumadas ao trecho, levam doações em sacolinhas bem amarradas, porque em alguns lugares tem pequenas comunidades ribeirinhas e eles vem nos pequenos barquinhos em direção ao navio e essas pessoas jogam na água as sacolinhas para eles pegarem, bolacha, macarrão, roupas, etc. Nusssss, achei isso genial. Quero fazer quando em Manaus! Fantástico isso!
Bom, às 18h libera a janta, é bom ir mais cedo em tudo, hora que ninguém se interessa e não há filas, porque o espaço para comer é pequeno. Já corri e nem peguei fila.
Engraçado o regionalismo né, até na gastronomia é diferente, eles te dão o prato com arroz, carne, macarrão e salada, daí você vai para a mesa e o suco (estilo Tang) e feijão você pode por a vontade, mas o engraçado é que o feijão aqui para eles, é uma sopa aí para nós, uma jarra grande de sopa de feijão com legumes, carnes e caldo, muito gostoso, ataquei no feijão e farinha, porque 1 prato de comida para mim é o mesmo que 1 bolachinha!
Jantei com o comandante do navio, ele com um complemento de açaí na comida, normal aqui.
Mais uma experiência fantástica.
Final de tarde, um lindo por do sol à apreciar da Área de Lazer do navio (a parte superior, no teto aberto, com bancos e cadeiras), não há lugar melhor, ver dali aquela natureza primária, aquele cheiro único, bisbilhotar o cotidiano daquelas pessoas simples que vivem isolados do mundo ali dentro da água e na selva... E a lua cheia, toda laranja nascendo atrás do navio? Putzzzzz, como não ficar fascinado? Inesquecível experiência. É o que sempre falo: viva suas experiências!
Madredeus na minha companhia agora...

No outro dia, apesar do barulho constante e vibração dos motores, dormi bem, acordei às 06:15. Sempre levo comigo aqueles tapa olho e tampão de ouvido daqueles de espuma da 3m, compra na farmácia ou o kit no Mercado Livre, isso ajuda muito para quem tem sono fraco como eu, não é frescura, é necessidade mesmo, meu sono é péssimo, admiro essas pessoas que falam: - vou dorm... Puff kkkk. Quando abri a porta do quarto, as árvores estavam pertinho do navio, bem na beira, aquele cheiro intenso de oxigênio adentrou em meus pulmões feito veneno, que sensação louca!
Fui procurar o café da manhã, fila, mas bem rápido, porque às vezes as pessoas pegam a comida e comem em outro lugar (comer lá em cima deve ser show).
As pessoas já estavam mais bem relacionadas, tipo, eu mesmo já estava chamando atenção com meu copo descartável único kkkk. As pessoas já estavam perguntando se eu não troco o copo, não moço, eu uso até não dar mais, são 400 anos para esse lixo se decompor, é triste. Mas você lava ele né? Sim, lavo kkkk. Até a moça da cozinha já gritava lá, LÁ VEM O OMI DU COPO kkkk.
Mas ainda é triste, ver a todo momento as pessoas jogando lixos dentro do rio, como se fosse normal, mas é muito lixo mesmo, a todo momento aff, é Cultural, talvez eles não fazem por maldade, mas talvez por não ter tido acesso ao conhecimento que muitos de nós tivemos. O foda é quando mesmo sabendo, a pessoa faz e foda-se!
Mas tá, vamos aproveitar as últimas horas aqui, porque logo começa a bagunça da saída.

Outra coisa que deve ser ressaltada: Segurança. Não vi nada de estranho não, apesar de estarmos no Brasil, não pode dar oportunidade. Mas vi muitos comentários chatos e discriminatórios de gente que só vê lado negativo em tudo, dizendo para ficar esperto, não confie em ninguém, esconda até o tanque da moto (deixei um monte coisas na moto lá), não converse com ninguém, vão te roubar, etc. Não é bem assim, apesar dos pesares, essas pessoas simples tem seus valores, sua humildade, seus princípios, gente que escolheu ser honesta também. Eu prefiro ver a vida assim. Mas claro, não sou bobo, sou detalhista em tudo, reparo, escuto, escondo coisas em lugares não óbvios, etc. A ocasião faz o ladrão. Não precisa dar bobeira, mas não precisa virar um neurótico, senão você não vive!

Bom, foram 26 horas, agonia para sair logo, chegamos às 14h no porto do grego em Macapá, mais alguma demora para descarregar os carros e passageiros, minha moto entrou primeiro, então saiu por último, foi rápido. Ainda tive que pagar uma taxa ridícula de 15 reais de desembarque, aff. Saí e logo fui recepcionado pelo Macedo. Macedo é um funcionário do Leandro, lá de Belém que me deu apoio, ele tem uma filial aqui em Macapá e me cedeu um espaço para dormir na empresa dele! Bom demais, mais um hotel economizado. Agradeço novamente o apoio meus amigos! No caminho ele me mostrou o Monumento do Marco Zero do Equador, muito top. Sabia que daqui para o norte a descarga do vazo gira em sentido contrário ao daqui para o sul? Kkk É o efeito Coriolis! E bem em cima da linha do equador ela não gira, desce reto hehehe.
No final da tarde o Macedo  (gente fina ele) ainda me levou para dar uma voltinha pela cidade, a orla é fantástica, show. Depois ele foi para casa e eu fui procurar algo barato para comer, sanduba!
Bora dormir, amanhã é cedo para a última cidade do Brasil, Oiapoque!

APRECIEM AS FOTOS!































* 13º DIA: 30/08/2018
   Macapá - Oiapoque - 563 km
Levantei 5:15, já sabia que dia de aduana tem que chegar mais cedo lá. Atravessei a grande Macapá, na estrada nada de mais, mas a natureza começa a mostrar seus rios e matas, muito convidativo para um banho.
Nesse trecho até Oiapoque é bom abastecer em Tartarugalzinho e em Calçoene, pois pode não dar. Em Macapá gasolina a 3,90, já em Calçoene 5,10. Depois de Calçoene você ainda roda uns 60 km de asfalto. Minha moto caiu muito o consumo, de 31 para 22, tô achando que são os pneus que podem estar abaixo da calibragem, amanhã vejo isso.
Logo começa o Off-Road, trecho de boa, nada tão complicado, claro que sem chuva. Por dentro da mata Amazônica, show, muito calor. A média aqui foi de 40 km/h. Passei por várias Aldeias Indígenas, numa delas parei para dar bexiga para umas crianças indígenas, ficaram muito felizes. Pessoas muito simples, que talvez nunca foram na cidade grande.
Cheguei em Oiapoque às 16h, já corri no monumento de fim/começo do Brasil (que na verdade Oiapoque perdeu o posto para Uiramutã, vou passar lá perto também, mas aqui tem aquele clima e ditado popular 'Do Oiapoque ao Chuí). Assim que cheguei, veio a TV local me entrevistar. Tirei a foto com o Pandinha e fui procurar hotel, hora difícil, procurar o mais barato. Achei um por 70 reais, Hotel Paris, cheio de adesivos de MCs, não acha menos. Importante ter garagem, Wi-Fi e café da manhã para aguentar o dia amanhã, pois já sei que por lá na Guiana tudo é caríssimo, no euro.
Cidade caótica, como toda fronteira. Logo depois de descarregar no hotel, me apressei para procurar informações e fazer câmbio, fui na polícia federal, nada de mais, acho que mudaram a forma da travessia, não é mais por balsa, agora é pela ponte mesmo, amanhã vejo. Fui atrás do Câmbio, preciso de euro. Começam os problemas. Não estava achando euro para comprar, nem nas casas de câmbio não vendem. Estranho não? Fui conseguir em negro com um barqueiro da região, muito desconfiado, pedi informações e é normal por aqui, todos compram deles mesmo. O problema foi quanto perdi trocando dólares que trouxe para trocar por euros (por causa do volume). Tragam euro, já na quantia certa, tipo, tem a taxa de 180 euro do seguro, mais o que vc acha que vai gastar lá, lembrando que tudo é bem caro. Amanhã atualizo valores. Não gosto de carregar dinheiro, por isso tenho 3 cartões
Bom, Internet aqui em Oiapoque é horrível, não tem operadora então é bom por no modo avião. Wi-Fi dos hotéis são péssimo, mal conseguia WhatsApp. Faz parte, estamos no fim do mundo!
Fui procurar algo para comer, fome. Não comi nada hoje, só muita água. Aqui tem muita coisa para comer, mas caro. Fui num Espetinho com arroz, feijão e salada mesmo por 20 reais. Dá pra esperar o café da manhã!















14º DIA: 31/08/2018
   Oiapoque - Saint Laurent du Maroni - 563 km
Tomei o café da manhã no Hotel Paris, calibrei os pneus com meu compressor que marca correto, pois já aferi uma vez..  fui à Aduana. Primeiro passa pela PF, nós não precisamos fazer nada aqui. Atravessei a ponte e já parei na barreira. Vai começar a festa. Pelo menos aqui eles arranham um pouco de português, ajuda, mas inglês é fundamental também. Passaporte, visto e vamos ao tal Seguro de 175 euros, que no meu caso R$ 876,00. Bem vindo à França! Fiquei uma meia hora na aduana, ali mesmo se faz o seguro, me levaram numa sala com ar condicionado, melhor. Depois do seguro feito, só carimbar passaporte e liberado.
Até Caiena só muitas curvas, pista estreita. Por aqui só carrão, chegando em Caiena fui dar uma voltinha pela cidade para conhecer e abastecer. Primeiro susto, valores. Tudo é muito caro mesmo. Gasolina à R$ 8,03, suco, água, etc, não pode comprar nada. É sair logo da Guiana. Realmente  a moto está gastando mais com pneus Mitas E07, não curti isso não. Caiu de 31 para uns 26, 28... Depois peguei para Kourou, onde está a Estação Espacial, tem até um foguete lá, bonito! Segui para destino final, Saint Laurent du Maroni. No caminho, mesma coisa, nada de interessante, estrada estreita, carrões, etc. Engraçado que notei por aqui, há vários carrões largados, abandonados pelo caminho, tipo, sem rodas, amassado, etc
E lá vem chuva, nesse calor nada melhor. Nem vesti capa de chuva, pois depois que passasse o trecho iria secar. Engano. Essa chuva foi aumentando e ficou torrencial. Nossa, sofri com isso, bota encharcada, calça, jaqueta, tudo ensopado. Foi assim até na cidade fronteira onde vou dormir. Como já havia olhado hotel por indicação de amigos como sendo o mais barato, salvei no gps. Cheguei no Hotel Star, famoso no nosso meio, todo molhado.
A próxima decepção (e essa foi para desgostar) fui perguntar o preço: 80 EUROS. QUE?????
E aqui não tem pechincha de brasileiro, nossa, inimaginável eu pagar 400 pau num hotel comum na vida, sem café da manhã. Nunca paguei nem metade disso. Não quis, não tinha como aceitar. Perguntei para o rapaz que arranhava inglês e português e fomos nos entendendo para me indicar outro lugar mais barato, mas ele até que tentou, fez umas ligações, mas tudo acima de 120 euros. Olhei para o tempo feio, dilúvio, cansaço, essa maldita tosse, todo molhado... Peguei os 80 euros que tinha no bolso que estava reservando para emergência e/ou iria fazer câmbio amanhã para Suriname, dei para ele, chorando de decepção. Fui para o quarto me desmontar, lavei e torci tudo para ver se seca até amanhã cedo, sempre pensando no maldito 400 reais, aff. Tenho que me conformar com isso, pois já sabia que aqui é França, euro, tudo caro... Quem está na chuva é para se molhar. Me sobrou 25 euros, espero que dê para a balsa amanhã, senão, terei que me virar. Tomei um banho e uns remédios para ver se melhoro dessa tosse chata. Ufa. Mas 400 reais? Nossa. Camping? Nem morto. Se coloque no lugar. Tenso. Fronteira, final do dia, dilúvio, molhado, precisava correr atrás de informações para amanhã, comer, me secar, etc... Não dava.
Depois fui correr atrás de comer algo, outro desafio. Restaurantes e bares nem vou tentar. Mercadinho por aqui tem muito, é uma boa. Fui andando por umas 3 quadras do hotel, aproveitei para vivenciar o regionalismo, as pessoas, as casas, legal. Tudo diferente. Viver num país ganhando em euros deve ser bom, mas aqui não tem nada de qualidade de vida, turismo, etc. Igual no Brasil é difícil, temos de tudo no Brasil, do bom e do melhor!
Fui à um mercado e do lado achei um restaurante chinês esquisito, entrei de curiosidade e fui ver o cardápio, muitas coisas de 5 euros, hum, até que rola.
A moça chinesa não fala inglês nem português, só francês, merci! Pronto, estamos bem entendidos agora!!
Mas a língua nunca é uma barreira tão grande, agente acabou se virando, depois de muitas mímicas e gestos, fui num arroz com frango por 25 reais com água (saudades de comer uma comida de verdade).
Depois voltei voando para o hotel antes que escureça tudo, é meio feio por aqui. Fui tentar conversar mais com o rapaz da recepção, tentar arrancar mais informações sobre a balsa, aduana, horários, seguro, câmbio, etc... Difícil, mas entendi metade.

Gosto de viver experiências, mas essas que dói no bolso é triste kkk.
O INESQUECÍVEL DIA QUE PAGUEI 400 PAU NUM HOTEL SEM CAFÉ DA MANHÃ! Nunca esquecerei!
Guiana Francesa? Nunca mais, mas faria tudo novamente! Porque eu tinha que vivenciar isso, tinha que passar por aqui para entrar no Suriname. Tinha que visitar todos os países na América do Sul! 
Outra coisa me preocupa: chuvas. Não era para estar chovendo assim, por isso escolhi essa época. Para quando fosse enfrentar a Selva Amazônica na Guiana Inglesa, estivesse seco. Não quero nem imaginar aquilo lá com chuva, não mesmo. Vamos torcer!




















 * 15º DIA: 01/09/2018
   Saint Laurent du Maroni - Paramaribo - 145 km
Acordei 4h e perdi o sono, acostumado. Sai às 7h do hotel, dia de aduana tudo complica. Uma voltinha pela estranha cidade, mas valeu a experiência aqui, tudo diferente.
Cheguei no porto onde atravessa na balsa. Só tem 2x, às 8 e 9h. Mas antes da balsa tem a Aduana de saída da Guiana Francesa, só passaporte e "papel de saída", (explico todo esse processo burocrático aqui nessa seção) nada complicado. Pedi informações como sempre e fui esperar a balsa, às 8 saiu, 16 euros moto e piloto. Tenham esse dinheiro, só me sobrou 10 euros, quase não deu. Se atualizem na época, é importante ter dinheiro sobrando. No outro lado você já sai na Aduana Suriname com portão fechado. Fui a fila, foi rápido, carimba passaporte e fui para outra sala onde uma senhora não muito simpática porém eficiente me pediu documentos, na hora da CNH ela nem quis pegar, já pediu logo a PID. Depois pediu seguro para entrar no Suriname, eu disse que não tinha e não sabia onde fazer. Ela chamou o rapaz da aduana e pediu para me levar num "Tax Free Shopping" em frente à Aduana para fazer, a menina fez, 50 reais (deu trabalho para aceitar os únicos 10 euros que tinha sobrado) para o Insurance (seguro), porém só vale no Suriname, demorado, levei de volta e fui liberado. Abriu o portão e já tenho que decorar que agora é trânsito invertido, pela esquerda, como lá em Goiânia mesmo, todo mundo pela esquerda da pista! Cara, no começo é complicado, tem que ficar muito atento, o cérebro buga! Fui procurar posto de gasolina, pedi informações em inglês e fui enviado para um lugar muito louco, é tipo um porto cheio de gente e barquinhos, muita movimentação e olho para o lado e vejo a bomba de gasolina no meio de peixes, lixo, chineses, africanos, holandeses e toda gente! Tenso. Nem tive coragem de fazer umas fotos legais com tanta gente me olhando, será mesmo que essa gasolina é gasolina? Sim, isso é! Fui lá e um chinês me disse que era ali. Enchi o tanque e na hora de pagar dei a única nota de 100 dólares que trouxe para o câmbio (não aceitam cartão de crédito, claro). Era só o que tinha. Eu ia fazer o câmbio antes por ali, mas me disseram que aqui aceitavam dólares americano em todo lugar. Mas não é bem assim. Ele ficou meio doidão lá com uns caras, mas depois de muito discutirem num dialeto impossível de decifrar, ele aceitou de boa, até brincou com meu capacete e me voltou o troco em Dólares Surinames (SRD). Isso já me ajuda muito, pois era um problema a menos com câmbio, mas me criou outro: será que ele foi honesto? Saí dali louco por Internet para conferir o câmbio dele e o dinheiro que me voltou, afinal eu dei 400 reais para ele. Enquanto rodava pela pequena cidade de Albina, vi um banco GODO, que me lembrou na hora de um outro problema que já estava me encucando: amanhã é domingo, vou para Guiana Inglesa, não entra sem seguro, mas o seguro que a moça me fez é só para Suriname, aff. Não deixem para fazer o seguro da Guiana lá em New Nickerie, não faz! Parei no banco GODO, bem na hora que o gerente tava chegando e fui procurar para ele sobre isso. Muito atencioso e querendo me ajudar (putz ele me deu grandes ajudas), ele disse que só abriria 10h, mas que ia me ajudar agora, já eram 09:30h. Entrei, ar condicionado ufa, (2 coisas podem detonar seu dia num momento assim: chuva e sol de calor intenso como ali), tentamos nos entender com meu inglês de "The book is on the table", mas foi de boa, tem que saber um pouco de inglês senão morre aqui. Ele me explicou que eu teria que fazer outros 2 seguros: um para Suriname e outro para Guiana Inglesa, mesmo sabendo que já tinha o do Suriname. Não tinha jeito, é regra da seguradora. Mas fiz, acabou saindo até mais barato que o da moça lá. 31 reais! Aproveitei e pedi informações sobre o caso do cara da gasolina, ele conferiu meu troco e disse que tava certinho, ufa hehehe. Uma prova de que nunca podemos julgar, apesar da bandidagem, ainda existem pessoas honestas!
Pronto, parece que o caos acabou... Peguei para Paramaribo, sempre atento à estrada e o novo sentido. Tudo novo, novo país, mais alegre, mais cores, mais movimento, mais civilização... Antes, eu havia recebido um contato de um amigo, seguidor do meu Instagram, lá de Paramaribo o Dennis, me ofereceu sua casa e parti para lá. Ele fala português, ótimo. Tudo aqui no Suriname é mais barato, ufa, estava precisando disso! Gasolina à 3,60. Maravilha.
No caminho parei para comer um lanchinho numa comunidade, 5 reais, achei barato. Não comer está se tornando um problema, preciso remediar isso. Mas eu parei aqui não só pela comida, mas por sentir de perto as pessoas, a região, os costumes, reparar em tudo, nos detalhes... é lindo isso!
Cheguei às 13h na grande e congestionada Paramaribo, fui fazer umas fotos pelos pontos turísticos que já havia marcado no gps e parti para a casa do Dennis. Achei fácil, apesar de ainda me adaptar à direção contrária. O cara é uma referência no meio por aqui. Todos já ouviram falar do Dennis e seus apoios. Gente fina demais. Me acomodou, tomei um banho e depois me levou para almoçar num restaurante indiano muito estranho, ihuuu, conhecer novidades é comigo mesmo, bora experimentar comer com as mãos, muito estranho! Nem lembro o nome, mas muito gostoso e barato (mesmo porque ele não me deixou pagar nada).
Depois ficamos rodando no seu carrão (com turbo) com volante invertido por vários lugares na cidade, uau, muito show, melhor que guia turístico!! Acho que rodamos por toda grande cidade. Esse é o cara! Conheci até uma das coisa considerada mais estranha no mundo: Uma Sinagoga ao lado de uma Mesquita! Isso mesmo, só aqui em Paramaribo, veja na foto aí!!
É estranho notar que nesse país, eles não têm muita diversão, turismo, o que fazer, onde rodar, etc. Ficam e investem aqui mesmo pela cidade. Estranho né.
Nos mostra o quanto o Brasil é show, é lindo. Só peca pela política e honestidade do povo!
Já estava me preparando para dormir quando o Dennis me chamou: Vamos ali, vou te levar para uma experiência incrível! Putz!! Já não bastava o quanto ele já fez. Fomos à um restaurante chinês aqui, legítimo, comer um tal de Hot Pot, com a irmã dele. Outra grande experiência, incrível como eles comem bem aqui!!!. Fotos.

Minha preocupação ainda permanece quanto aos 500 km de Off-Road na Selva Amazônica da Guiana Inglesa, não é época de chuva assim. Até o Dennis está estranhando isso aqui. É torcer... Vai ser tenso.

























 * 16º DIA: 02/09/2018
   Paramaribo - New Nickerie - 222 km
Domingo, dia de paradão na Capital. O amigo Dennis me levou até a saída da cidade, (o que seria de mim sem o Dennis aqui em Paramaribo?!!!, que ele vá ao Brasil para eu poder retribuir pelo menos metade), abasteci e fui rumo à New Nickerie, a última cidade perto da fronteira. Fui sem pressa porque eram só 230 km para rodar hoje, fui curtindo o regionalismo, os vilarejos, as mesquitas, templos, sinagogas, uauuu, tudo muito lindo! Toda estrada estreita é uma coisa só, mato e selva, pântano e gente pescando nas beiradas. Parei num Market de um desses vilarejos para comer algo, pois já tava notando que meus reflexos para pista certa já tava sonolenta kkkk. 5 reais de lanche (adoro ver as comidas diferentes, provar o diferente, não tenho essas frescuras de não como isso ou aquilo, aff. Agente tem que provar de tudo, o não você já tem, mas se ganha muito mais). Cheguei meio-dia em Nickerie, o GPS já me levou para um hotel chinês que já tinha salvo, o Pak Rap. Aproveitei a tarde para dar uma geral na moto, lavar roupas, carregar baterias da Gopro, Spot Gen3, cortar unhas, etc.
Final de tarde, domingão, fui dar uma caminhada, viver de perto o povo. Miscigenação pura, Indonésio, indiano, chinês, francês, tudo aqui. Amo muito tudo isso!
Fui comer algo na praça, ver os tipos de comidas de rua, show. É dormir mais cedo. Amanhã tem outra aduana chata e demorada, essa é famosa, aff. Tenho que estar lá 6:30h, são 40 km daqui e só tem 1 balsa por dia. Enquanto no hotel, aproveito para pedir informações com o Dennis sobre o trecho Off-Road, ele tem um amigo lá em Linden. Rezando aqui. Deus no comando!


















 * 17º DIA: 03/09/2018
   New Nickerie - Linden - 352 km
Celular despertou 5h. Fui para a aduana, no escuro ainda, um caminho bem macabro e sinistro, show. Cheguei 6h lá, já tinha 3 carros na fila. Tem que chegar cedo para garantir, porque só há balsa 1x ao dia e a aduana abre o portão às 8h. Entra todos e depois fecha, então se atrasar, só no outro dia.
Entrei e vai começar o caos. Apesar de muita gente, de várias línguas aqui, javanês, Indonésio, indiano, chinês, etc, não é tão difícil, no inglês não tão bom você sobrevive. Todos te ajudam, sabem que é complicado para um estrangeiro. Vão te indicando onde ir, etc.
Primeiro fui para a fila de comprar o ticket para a balsa (ferry boat). Custou 108 reais tudo, acho que o cara não muito humorado me cobrou a mais, pois alguns disseram que era uns 80 reais. Esse mesmo cara pega seu passaporte e papel de entrada da moto que me deram lá na aduana de entrada do Suriname, (toda aduana te dão um papel da entrada da moto e você tem que dar saída, se liga nisso senão pode dar problemas futuros), e te manda para dentro, ufa, ar condicionado. 32 graus agora às 8h. Aí é esperar ser chamado para uma outra sala. Wi-Fi, wowwww, que bom. Uns 40 minutos e me chamaram, passaporte, papel, saída, etc. Me mandaram para outra fila, para carimbar saída no passaporte. Normal. Não adianta muita pressa, mesmo porque a balsa só sai às 10h. Enquanto isso aqui na Aduana do Suriname tem ar condicionado, água, Wi-Fi. Me liberaram, esperar lá fora agora pela balsa. Calor. Fui nos free shopping, uau tudo barato. Vontade de comprar uma vodka Belvedere ou Absolut por 20 reais kkkk. Mas de moto é complicado. Enquanto não dá 10h, vou me entrosando com as pessoas, no final já era amigo de todo mundo kkkk. Sorria e receberá um sorriso, seja gentil e receberá gentileza, simples assim, todos querendo saber "about my trip". (mas não esqueça do café antes, a cafeína ajuda a não dar tédio, que nesses momentos torna o momento desagradável e vai ficar traumático a lembrança. Meia hora antes de abrir eu tomei um café do quiosque de fora lá com uma bolachinha, ajudou muito).
Balsa levou quase 1h. No sol e calor. Chegamos e lá vem outra aduana, a de entrada na Guiana Inglesa. Essa não tinha ar condicionado, eu de calça e jaqueta de cordura, não dava para deixar na moto, tinha que carregar o capacete, jaqueta e pasta de documentos. O calor fazia escorrer suor nas costas, terrível. O pessoal aduaneiro vai te falando para onde ir, é de boa. Numa hora fui fazer o papel de entrada da moto e tinha que pagar uma taxa de uns 4 reais. A moça disse que eram 200 dólares Guianeses. PRONTO, FUDEU. Não tinha feito o câmbio ainda, estava esperando sair lá fora e trocar (no lado Suriname tem cambistas também, é seguro sim). Mas dei para ela uma outra nota de 100 dólares que tava reservando para cá mesmo, e disse que só tinha isso, aff. Mas para surpresa ela acabou aceitando e me voltou o troco em dólares Guianeses kkkk. Amei isso. Resolveu o problema do câmbio. Aqui também pediram a PID (permissão internacional de direção). Daí depois fui para outra sala, carimbo aqui, ali, etc. Depois sai para o lado de fora e outro guiche, aff. Louco para sair dali logo. Meio dia e liberado, ufa. 6h de aduana, terrível. Cansa muito isso.
Eu saio e durante o trajeto até Georgetown noto uma coisa muito interessante, só tem uma rodovia ligando o país ali e cidade ligada de ponta a ponta, com casas à 45 graus muito bem planejadas e pinturas novas e vibrante, muito estranho, parece que tem uma lei que não pode ter pintura velha. Não tem aquele esquema de quarteirões (tem muito pouco), mas geralmente são só um lote de cada lado. Show. Outra coisa de estranho aqui, buzina, tem buzina o tempo todo, abre o sinal e pode esperar a festa kkkk. Sinistro o caos no trânsito. Como é pista simples, imagina o engarrafamento?!! Alguns lugares em obras, aff. A viagem não rende. Jumentos, cabras, cachorros e porcos na estrada. Muita atenção, sem falar que aqui também é lado inverso da pista.
Chego em Georgetown, capital. Mais caos. Eu tinha planejado ficar 2 dias aqui, mas acabei trocando por Paramaribo e New Nickerie e não me arrependi nem um pouco! Georgetown é bonito, mas caótico demais. Ainda estou com saudades do Suriname.
Mas vou tocar. Sei o que me espera amanhã. Vou até o último asfalto, em Linden. Há, lembrando que aqui é 1h a menos. Cheguei final de tarde, procurar hotel barato que já haviam me indicado, fui nuns 3. Achei o tal Joseph Guest Apartments. 25 dólares americanos, ou 5000 dólares Guianeses. Tá ok, acima do meu padrão, mas para um dia cansativo como hoje, preciso descansar. Não tem onde comer aqui, uma daquelas cidadezinhas pequenas sem nada. E como só comi cedo lá na aduana, vou ficar com fome, amanhã cedo vou comer algo num Gas Station antes de encarar o bruto.
Bom, sobre amanhã, tenso ainda. Chuvas não param, aff. Serão quase 500 km de Off-Road na Selva Amazônica da Guiana Inglesa. Planejei 2 dias para essa travessia, mas se tiver atoleiros e alagamentos, não sei mais... Isso me preocupa. Vou comprar mantimentos e água amanhã, não sei o que me espera. Deus no comando!
7000 km no total até agora.
























 * 18º e 19° DIA: 04 e 05/09/2018
   Linden - Lethem/Bonfim - 452 km
Posso contar no dedo os sufocos que tive na vida como nos últimos 2 dias. Os 2 dias que fui ao meu limite.
As 7h já tava saindo da pousada em Linden (onde começa a estrada de chão dentre a Selva da Guiana Inglesa até o Brasil), uma cidade estranha, muito grande mas poucas casas e gente.
Começa a estrada de chão, vamos lá. (Já esperando os fatos de tantos comentários macabros que ouvi sobre a região mas não saio falando para não virar exagero de fake news, fofoca, etc).
No começo foram os trechos mais complicados, muita lama e barro. Parece ter chovido muito ontem. Meu destino era de apenas 230 km, bem no meio até a fronteira, na balsa em Kurupacari, do famoso rio Essequibo (o terceiro maior da América Latina) iria acampar ali. Os km não rendem, a moto só primeira e segunda marcha. Muito buraco. Mas os piores e traumáticos viriam logo, são as enormes panelas de atoleiros/lama que você não sabe como é o fundo. No começo ia com uma vara estudando antes de entrar (frescura), logo já estava entrando a pé mesmo, tem que passear dentro dos buracos para ver o terreno e profundidade. Olha... Teve umas 3 dessas que foi tenso. A moto ia e lá no meio escorregava para um outro buraco na lama, a moto caia e parece que nunca mais ia deixar de afundar, putz, nessa hora eu tremia nas bases, acelerava no último e foda-se embreagem, parar ou apagar ali era suicídio, olha nas fotos meu baú lateral até onde ficou encoberto de lama. Isso abala o psicológico. Nunca usei tanto uma moto no limite quanto aqui, acelerava no talo e embreagem fritando para não apagar dentro da lama e atoleiro. O fator Pneu Mitas E07 me ajudou muito, se não fosse o pneu não teria conseguido.
Mais na frente um posto de gasolina, abasteci porque o próxima saiba lá onde (sempre muita água para beber, também comprei 1 bolinho para comer (apesar que tinha mantimentos para cozinhar). Muitos atoleiros e selva adentro. Não se via um ser humano, as vezes um caminhão de madeireiros, índios mau encarados... A vantagem de uma moto leve e pequena nessas horas, não tem preço. Quando se viaja sozinho, num fim de mundo desses, tudo é diferente, tudo deixa de ser humor e prazer nessas horas. Tem que controlar muito o psicológico para não virar trauma e acabar com a viagem e querer voltar pra casa. Com amigos juntos você tem mais confiança e se distrai, um ajudando o outro. Algumas pessoas julgam e falam, mas suas viagens são sempre acompanhadas ou com carro de apoio, aqui não tenho esse luxo. Estando sozinho num ambiente assim, a morte parece mais de perto em alguns momentos. Faz parte.

Passo por um controle policial, parei, não vi ninguém e fui. Logo vi um quadriciclo me perseguindo e era a polícia, dois me pararam e me falaram muita coisa, muito nervosos. Pronto, lá vem problema. Muito calmo e com quem não estava entendendo nada de inglês, me fiz de bobo e expliquei que não sabia que tinha que parar e esperar mesmo assim lá. Mostro passaporte, autorização da moto, seguro da Assuria obrigatório, etc e me pediram dinheiro, (no intendo sênior, mi brasileño, money yo gasolina, no comer hoje kkk), dei 300 dólares Guianeses, uns 6 reais, ficaram com tanto estresse que me liberarem mesmo eu só tendo isso kkk. Chorei tanto que ficaram com dó e me liberaram, e se eu contasse sobre minha vida eles até iam até me dar uma grana kkkk. Mas saibam, toda barreira ali tem que parar e mostrar documentos, mesmo que não tenha ninguem. Procure o guarda.

Apesar de selva, o calor é intenso. Não é época de chuva por aqui, por isso escolhi essa época, muita gente também não entendia porque as chuvas. Mas tudo é fase de aprendizagem né. Estava indo no meu limite.
Estou fedendo muito, não só por tanta lama ao corpo, jaqueta, calça sujas por dentro e adentrar nesses atoleiros cheio de coisas, lembro que em um deles tinha um bicho grande morto em decomposição dentro (cotia, paca, anta, sei lá...), entrei assim mesmo e fui pisando para achar um caminho (medo da onça é constante, mas sabia que era difícil elas virem perto da estrada, mesmo com bicho morto ali); mas o suor era tanto que meus 2 litros de água acabaram até às 3h, não sabia onde era lama ou suor, eu estava fedendo muito.
Nada como parar no meio dessa vastidão, de solidão e ouvir, sentir, cheirar, enxergar a beleza da selva, onde só há você e Deus. Misantropia total.

Horas passam, km não passam.
Às 5h chego na balsa, 200 km Rodados, ufa, 2 Índios me informaram que para dormir é um pouco antes por onde passei.
Voltei e achei o lugar, bem bonito, estranho para o local, porque tá bem cuidado e parece que já sabem que aqui é um ponto de apoio necessário. Não passe daqui, deixe o restante para o outro dia.
Bom, aqui nesse ponto, me causava algum receio, pois li num blog e outra pessoa no Suriname também me disse que era comum o tráfico de pessoas nessa região, especulação? Fake news? Fofoca? Tá, tudo isso, (as vezes acontece uma vez só algo parecido e vira isso), cansado de pedir informações nas redes de algum lugar e algumas pessoas virem com exageros e distorções, tipo, tão matando por lá, teve terremoto ontem (nem teve), os índios mataram 5 brasileiros essa semana (mentira), a polícia atira para roubar seu dinheiro e some o corpo na mata (aff, essa não dá pra acreditar né), mas sabe, só para causar terrorismo de WhatsApp, fake news mesmo. Não é por aí...

Pergunto se posso dormir ali, (um pessoal muito bacana, etnia indígena mas só falam inglês), até nos entendermos eu fiquei, gratuito dormir na rede ou barraca, mas tem hotel aqui também, 100 reais o quarto. Mas não dá, vou economizar. Camping.
Eu estava muito cansado, bota encharcada de lama e carniça, fedendo muito, soando frio de vontade de banhar e dormir, fome, só comi direito ontem de ontem. Bom que me deixaram até tomar banho e lavar bota, meia... Ali tem muitas torneiras de captação de água, foi bom. Não tinha sol, só sombra e selva, mas eu continuava soando de calor.
Depois de tudo arrumado fui perguntar se tinham algo para comer. Nesse lugar, (não estou conseguindo cadastrar no Google Maps, mas fica aqui nesse link), tem uma senhora, a nora e uns 4 filhos rapazes. Tudo etnia indígena. Um rapaz foi me perguntar o que eu queria comer (lá vem meu maldito inglês denovo aff), nos entendemos e ele me trouxe um prato típico indiano que não lembro o nome, tipo massa de crepe frito, com 1 ovo frito, na fome. Cara pensa na fome, não deu para matar a fome, mas saciou. Nesse lugar também tinha um casal de Nova Zelândia, mochileiros, dormindo na rede, passeando por ali, gente boa, fiquei mais animado em saber que não estava sozinho.
Escurecendo, às 7h já tava tão cansado que queria ir dormir. Nessa hora chegaram uns trabalhadores que dormiam ali, tudo gente esquisita, mau encarado, etnias diversas, com espingardas, lembro dos malditos boatos, aff, não vou ter uma boa noite de sono aqui. Mas eram madeireiros, normal por aqui. Fui dormir às 8h, minha coberta era a toalha, mas nem usei pelo calor. Começa a chuva aff, pensava em amanhã com chuva. Mas tava tão cansado que apaguei, as vezes acordava com passos, ou bichos cheirando a barraca, nada de mais.

Dormir muito, acordei 6:30h e ainda continuava com sono rsss. Pedi a mulher um pouco de café para acordar (como café melhora tudo né rs), ela nem me cobrou; arrumar as coisas e bora começar outro dia preocupante.
Quando ia sair fui me despedir de todos e a senhora veio conversar comigo, ela ajuda muita gente ali, me contou sobre sua vida ali, os rapazes lá sempre gente boa demais, sempre querendo me ajudar de alguma forma, muito educados e gentis. Fico pensando no cotidiano deles, não tem muita coisa mas são gente simples, humildes e honestas, não tem como boatos derrubar isso. Deus esteja com eles. Gostei daqui.
Fui à balsa, que começa a partir das 6h, mas só se tiver cheia. Como tava vazio, esperei até 9:30h para sairmos com umas vans de passageiros que iam chegando.
Moto não paga nada, carros tem que comprar passagem em Georgetown e talvez em Lethem, como é isso hem, já pensou chegar lá e ter que voltar? Sei não. Mas já sabia que moto não pagava. (depois fiquei sabendo que de Lethem para Georgetown não precisa ticket, mas o contrário precisa... é bom se informar.
Logo que atravessa tem um posto policial, todos os passageiros na minha frente, mas foi rápido, só conferir documentos. As vans foram na frente. Logo alcanço elas, paradas lá na frente, todos passageiros descendo, aff, parei e fiquei sem entender, o que teria acontecido? Mas avistei que era um enorme e comprido atoleiro, anão cara, de novo não, vai começar o inferno? As vans vazias iam com tudo e quase capotavam no atoleiro de quase 100mt, e eu só olham aquilo abobado como iria passar ali. Mas sabia que não estava sozinho, era melhor pois alguém poderia me ajudar dessa vez, ufa.
Mas tive outra ideia. Olhei por onde os passageiros iam a pé e resolvi ir também, apesar de difícil, seria melhor, e fui, afundando e atolando, acelerando e empurrando, consegui, ufa, que pneuzinho bom, até desliguei a moto depois disso, eles foram embora e fiquei ali para tomar uma água, me render à selva num ato de agradecimento a Deus, depois dessa eu já não sabia o que teria mais pela frente. Mas vamos lá, se sobrevivi até aqui o resto é só tocar. Fé em Deus hermano!!

Teve mais algumas dificuldades, mas já estava tão acostumado ao caos que só ia vencendo um por um. Outro posto policial e as mesmas vans paradas, parei também. Dali para frente a estrada começou a melhorar, foi uma paz, veio a chuva e preocupação com atoleiros, mas nada sério, foi bom para refrescar e tirar um pouco do suor, cheguei em Annaí, um vilarejo, outro ponto que tem Gas Station. Depois de Annaí, a floresta e selva acaba e começa a savana, só savana, muito estranho. Mas a estrada piora muito, não com atoleiros, mas buracos secos e fundos, pedras. Putz, só primeira e segunda marcha por horas. A moto é levada ao extremo nos buracos. Logo se nota que semanas atrás estava tudo encoberto pela água, como já me disseram, ninguém passa, fica tudo inundado! Muito louco. Depois de horas, do nada a estrada vira um tapete, ufa, outra paz. Sempre engraxando a corrente que a dias me deixa preocupado, pois quase todo dia tenho que ficar esticando, ruim isso. Logo chego em Lethem/Bonfim. Divisa com Brasil. Faço a aduana da Guiana, saída. Depois vou para a aduana do Brasil (estranho, nunca ao entrar no Brasil agente passa pela PF, mas aqui na da Guiana precisa).
Cara, eu tava tão feliz por ter conseguido, por ver asfalto, por falar português de novo, por andar pela direita, que não tava mais cansado, (apesar que ainda não comi, só bebendo água, nem sei quantos dias não como de verdade). Fui procurar um hotel para lavar roupas e dar uma geral na moto que coitada precisa mais do que eu kkkk. Cheguei, me desmontei, mas fui procurar um lava-jato só para lavar a corrente que tava só na lama. Sempre carrego um Motul C1, ajuda muito. Lavei, engraxei e estiquei de novo, calibrei forte os pneus (27 e 33) e tudo pronto para amanhã. VENEZUELA! Seja o que Deus quiser e me comandar.

Não tô aqui para tocar uma de herói, não mesmo. Estou aqui na minha fase de aprendizagem, só isso. É uma coisa pessoal, é para minha realização. Se não for para acontecer, não vou forçar a barra, simples assim.
Muitos perguntam para que isso então... não tenho resposta certa, mas uma delas é que não tem como evitar esses trechos únicos né. Não tem outra forma de sair da Guiana Inglesa para o Brasil a não ser por aqui. Não vou deixar de ir só porque tem essas dificuldades, senão estaria em casa vendo novela.
"Dificuldades preparam pessoas comuns para destinos extraordinários"

Bora rodar! Abraços e obrigado meus amigos pelos 7500 km juntos até agora! Ainda faltam uns 20.
(se for copiar o texto, favor citar o blog ok)

















































 * 20º e 21° DIA: 06 e 07/09/2018
   Lethem/Bonfim - Venezuela - Boa Vista - Rorainópolis - 862 km
Saí de Bonfim, asfalto ótimo, uma paz, passei por Boa Vista e fui à fronteira com Venezuela. No posto em Boa Vista o cara me alertou que gasolina tava complicado pois não havia posto lá. Fui assim mesmo pois já sabia que dava para comprar clandestino. Nada de mais pelo caminho. Pacaraima, cheguei. Bem no alto do morro, já dou de cara com uma cidade fronteiriça bem feia. Vou direto numa borracharia que me recomendaram para comprar gasolina clandestina, visto que o nível já estava baixo. Não tinha, começo a preocupar. Fui pedindo informações sobre gasolina primeiro, depois faria o turismo. Nada. Atravessei a PF, fui até a aduana da Venezuela e voltei para a cidadezinha. Rodei atrás de um monte de gente me informando. (como alguém vive aqui? Não tem qualidade de vida alguma aqui, muito triste). Depois de já ficar desesperado, encontro um brasileiro que me indicou um carro parado na beira da estrada, fui lá e o cara tinha, ufa. Pedi 4 litros, ele me pediu para ajudar a encontrar uma garrafa pet e achei. Ele ligou um motorzinho gambiarra no capo e foi enchendo a garrafa, notei que já era profissional ali nesse lance clandestino. Mas pelo menos ele tem para ajudar a muitos né, não tem posto de gasolina em Pacaraima, é uma lei lá, não entendi, mas tem um posto do lado venezuelano, fica quase sempre fechado. E o preço é outro atrativo, só 3 reais o litro. Apesar de barato para nós, eles ganham muito, pois pagam menos de 50 centavos lá mais a frente, quando tem. Pois gasolina na Venezuela está complicado, como comida, remédios, segurança, tudo. A dias não tem gasolina mais.
Infelizmente é abortar Venezuela, não tô aqui para tocar uma de herói não. Sem falar que a aduana com Colômbia está fechada. Não dá, eu iria entrar clandestino na Colômbia e por fronteira de guerrilha. Tenho outro plano B que já havia estudado antes de vir, que é de Manaus à Tabatinga subindo o rio Amazonas de barco por 6 dias, depois ali é tríplice fronteira, em Letícia pego um voo para mim e moto para Bogotá. Vou fazer isso. (que canseira isso vai dar, mas canseira virou meu sobrenome kkk)

No começo tive um pouco de receio, algumas pessoas me cercando, encarando...
Fiquei ali um tempo conversando com esse cara da gasolina, gente boa ele, depois fui fazer umas fotos, fui conversar com uns cambistas que ficaram meus fãs kkkk, tudo gente boa, apesar do clima tenso aqui, ainda há muita gente que procura paz, só querem seguir suas vidas de forma honesta e feliz. Prefiro acreditar assim, não que sou inocente, mas o fator ser gentil e humor é fundamental nessa hora, mas sempre ficando esperto e não dando de bobo. Fui num barzinho de uma mulher com sua filhinha, especulei muito também, deu dó desse povo que vive aqui.
Fui notando que aqui na fronteira mesmo está bem segura, aqui tem um aparato de segurança muito forte, até a Força Nacional e exército estão aqui, fazem muitos piquetes e Blitz. Tem hotéis em Pacaraima também, caso precise.
Tirei mais algumas fotos e voltei para Boa Vista onde consegui um lugar para dormir, na casa de um amigo, o Sinair, do grupo Tenereiros. Ele dá apoio à muitos Motociclistas por aqui. Foi bom, porque é mais um hotel economizado também. Cheguei a noite em Boa Vista e seguimos para casa dele. Depois fomos comer algo e ele foi me explicando sobre o lance dos venezuelanos por aqui, é violência pura. Muitos assassinatos, roubos e violência. Venezuelanos aqui se tornaram inimigos, ruim ouvir isso, muito triste, mas parece ser uma realidade que ainda assim insistimos não acreditar. Apesar do governo criar um grande aparato de acolhida para eles, por toda parte se vê lugares onde eles tem toda assistência, são enormes complexos de ajuda, mesmo assim só se ouve sobre a matança e roubos. Boa Vista hoje é um caos de medo. Triste. Mas fico pensando, e se fosse nós, os brasileiros? Não seria muito diferente.

No outro dia cedo o amigo Sinair me levou até a saída, obrigado mais uma vez amigo! Como não dava parar ir até Manaus direto, vou dormir em Rorainópolis, porque depois até Manaus não tem nada. No caminho encontrei com alguns venezuelanos pedindo para parar, não dá né, infelizmente não dá. Tá feio.
Outra cidade do medo aqui. Encontrei um hotelzinho e fui me esconder (a moça do hotel até disse para não ficar dando bobeira pela cidade, melhor ficar dentro do hotel). Como cheguei mais cedo, aproveitei para dar uma geral na moto, esticar corrente de novo... Eh corrente, sei não. Ou compro uma relação nova em Manaus para levar ou troco lá na Colômbia... Sei não.
Um outro fato que me preocupa na moto é o tanto que o consumo mudou, aff, tava fazendo 31 no começo, agora tá em 24 depois que coloquei os pneus mitas, mas tá bom, faz parte.
Roraima (e toda região) está numa situação complicada hem, porque a energia daqui vem da Venezuela, direto tá caindo, a coisa tá feia nesse sentido também, os governos estão se atritando nisso por aqui.

Chego em Manaus amanhã, vou direto pra casa do amigo Felipe, e como o barco só sai quarta-feira, vou ter tempo para fazer muita coisa, lavar toda roupa, revisão na moto, comprar algumas coisas, etc. Bora lá!
Obrigado amigos!











22° à 25° DIA: 08 e 11/09/2018
   Rorainópolis - Manaus - 480 km
Bom, no caminho para Manaus, só retões, no meio uma reserva indígena muito bem controlada, nem pode tirar fotos lá. Chegando perto de Manaus tem muitos balneários, muito show, um belo convite para esse calor. Também passei novamente pela linha do Equador, o marco zero.
Chego e vou direto pra casa do amigo Felipe, fico aqui até quarta feira cedo, quando sai o barco para Tabatinga. Barco complicado esse também, porque fiquei meses pesquisando melhores valores. O mais barato que tinha encontrado era de 1800 reais, moto e camarote para mim, visto que não posso ficar em rede como já expliquei. Serão 6 dias subindo o rio Amazonas. Mas um amigo do Facebook trabalha lá no porto e fez uns contatos lá e me conseguiu um desconto, caiu pra 1500 reais, top, show, melhor que isso não tem. Não tem outra forma de sair na Colômbia. De Tabatinga/Letícia, pego um voo para mim e moto para Bogotá, esse bem mais barato, não sei ainda o valor exato, vai entender.
Então terei tempo para fazer muita coisa aqui. Lavar muita roupa, inclusive o kit cordura, bota, tudo. Segunda vou comprar passagem e vou dar uma revisão na moto, óleo, filtros, ver a questão da relação, comprar Motul C4, C3, C1..., deixar tudo renovado para Colômbia!

Desde alguns dias venho notando um mal estar que me dá uma sonolência bem forte, muito ruim isso. Passo o dia com sono, as noites são ruins para dormir, falta de apetite, intestino, enfim. Conheço esse mal estar, senti isso da outra vez na expedição quando também passei uns momentos de tensão e dificuldades, a viagem deixa de ser prazerosa até que o psicológico se adapta ao ambiente, frescura isso né, (principalmente para quem está no conforto do lar, julgar é simples e bom), até concordo, mas não há como fugir. É o que sempre digo sobre a diferença entre Expedição e um passeio, isso aqui não é um passeio de moto, é se jogar numa aventura desconhecida, onde você não pode esperar só coisas boas. Mas bora rodar, quem tá na chuva é pra se molhar! Tudo passa!

Segunda feira, dia da moto. Fui na tal Braga Motos Yamaha, troquei óleo, filtro de óleo, filtro de ar, pastilha traseira e comprei para levar o kit de transmissão (relação completa), filtro de ar e óleo, pastilha dianteira e Motul C4, C3 e C1. Gastei quase 1000 reais nisso tudo, aff. Mas é necessário né, e não reclama porque se fosse numa moto maior não sairia por menos de uns 3 mil reais.
Enquanto estava lá apareceu o Genghis, um Motociclista famoso por aqui por dar apoio a muita gente. Me deu várias dicas e ainda vai me ajudar lá em Tabatinga também. Depois chega outro amigo, também famoso pelos apoios, o Rodrigo Marinho, que me levou até o Porto, para comprar a passagem para o barco para subir o Amazonas até Tabatinga / Letícia. Lembra que eu disse sobre lá em Goiânia já vinha pesquisando e o melhor preço foi 1800 reais pra mim e moto, muito caro, sei disso, mas não tem outra opção. Então chegando aqui com outros contatos já havia conseguido por 1500, ótimo, já era uma ajuda. Mas daí fomos direto no porto, falamos com o próprio pessoal do barco e joguei um "migué" neles dizendo que me fizeram por 1350, e se poderiam me fazer por 1300 reais... Sim, fechado! Kkkkkkkk. Ganhei o dia kkkk. Ufa. Se tivesse comprado pela Internet teria gasto 500 reais mais caro hehe.

E hoje, terça feira, tive que trazer a moto para embarcar no Navio, que só sai amanhã. Hoje é dia das cargas aqui. Colocaram a moto numa facilidade. Tadinha!!
Aproveitei e trouxe umas coisas pra deixar na Suíte... MANOOOOOO. MANO Que suíte é essa? Kkkkk
Caraiiiii, eu tô bobo. Muito melhor que o outro navio que peguei em Belém, comparando com hotel, seria como se lá fosse um hotel de 30 reais e esse aqui um hotel de uns 120 reais, muito melhor, tem até frigobar tem área de varanda Até o serviço aqui é diferenciado, eles trazem café da manhã, almoço e janta na suíte (tudo isso já está incluso naquele valor de 1300 reais), não precisa ir pra fila.
Agora sim, passar 6 dias aqui não vai ser tédio.

As vezes não é de tão ruim ter feito cirurgia na coluna e ser obrigado a ficar num quarto ao invés de rede né!
Vai, pode me chamar de Coxinha vai kkkk hoje eu tô podendo, Nutella.com mesmo!!!!

Depois o amigo Rodrigo Marinho veio me buscar e fomos almoçar um tradicional peixe "a la Manaus", na beira do Rio Negro, foi top. Me levou pra conhecer a famosa e polêmica ponte de 1 bilhão de reais e voltei para casa do Felipe. Fui comprar algumas coisas para levar no barco.
Uma dica importante é comprar muita água mineral, a água servida no barco é do rio, filtrada basicamente, não dá pra confiar. Os nativos estão acostumados, mas nós Nutellas não, é beber e dar diarreia! É bom evitar então. O banho também, é água direta do rio, bem escura.
Anoite fui à uma festinha de aniversário de uma menininha aqui da família do pessoal que estou na casa, muito gente boa lá, foi bom. Sabe o que é bom nesse estilo de vida?! É conhecer não só pessoas, mas uma comunidade inteira e como vivem!
Olha... Gostei de Manaus, bem diferente! Obrigado aos amigos pelo apoio!
Bora dormir! Deus no comando!































* 26° à 32° DIA: 12 18/09/2018
   Manaus - Tríplice Fronteira - Tabatinga/Letícia - 1500 km por água 
Segue a Expedição América do Sul!
4 primeiros dias: Sem Internet aqui no navio, subindo o Rio Amazonas para Colômbia. Ainda faltam 3 dias até chegar.
Até que não é tédio não. Não vai pensando que é só ver a mesma coisa o tempo todo, é interessante essa experiência. Você se distrai com tanta natureza, a beleza da Floresta Amazônica, o rio, os ribeirinhos e suas vidas cotidianas, o próprio navio e seus passageiros diversos, pessoas simples com suas vidas sofridas e cheias de histórias para me ensinar. Amo isso!

Aqui no navio tem 3 refeições diárias, já inclusas na passagem, eu tô comendo muito, nunca comi 3 vezes assim kkkk. E tudo limpinho e organizado. Claro, tem as dicas da água que já falei e reforço: comprem muita água mineral para trazer, pois a água aqui de beber é filtrada bem fraca, direto do rio, não dá, é beber e dar diarreia. Para os nativos é de boa... Estou esperando fazer alguma parada num vilarejo para comprar mais água, suco integral e natural, uns ice para dar uma animada a noite e só! Também sugiro trazer água extra para depois de escovar os dentes enxaguar com água limpa (está me chamando de coxinha Nutella né kkkk, espera mais a frente....!!!).
Também noto o quanto esse pessoal da rede sofre, putz, para dormir é uma canseira, os bêbados vão até a noite com luz e som ligado, gente passando e esfregando dentre as redes, não tem privacidade alguma, segurança é contar com a sorte, o calor durante o dia é infernal nas redes, 5h da manhã e já tem gente conversando e acordando os outros, cada celular tocando um Funk & Arroxa diferente. Jesusssss kkkk. Mas engraçado, eles não tão nem aí! Já estão acostumados. Para nós, compensa muito trabalhar um pouco mais e juntar grana para a suíte do navio, afinal não é todo mês que vamos fazer isso, faça dessa experiência algo positivo e não desastroso!
Não é porque somos Motociclistas topa-tudo, que temos que optar por sofrimento gratuito, isso é burrice de Fodão Arrogante né hehe!

Quando chega num vilarejo, isolado do mundo, todos correm para aproveitar a instante Internet ruim. Até eu que tive tempo de fazer 2 vídeos para o Canal do YouTube estou sofrendo para ver se dá para fazer upload.

No quinto dia, às 5:30h é quando o navio começa as paradas, num vilarejo Fonte Boa, para descarregar cargas e passageiros. Aproveitei um pouco da Internet ruim, mas tá bom. Saiu às 9h.
Hoje sábado, o pessoal fez um churrasco final de tarde, diferente. De um peixe chamado Bodó, não tive coragem, eles pegam ele vivo e joga na grelha para assar, ainda vivo, com vísceras e tudo kkkk. É cultural, é regionalismo! Mas dispenso kkkk.
Depois em Jutaí, a noite, ficou 2h descarregando.
Em Jutaí, desci com um senhor mais de idade, Equatoriano, Sr. Deny, nascido aqui em Jutaí mas foi criado no Equador, não fala português, trabalhou muitos anos em grandes construtoras e ajudou abrir as principais estradas do Peru, Equador e Colômbia, aqui no Amazonas trabalhou muitos anos na Petrobras, fundando poços de petróleo em lugares muito isolados afora, tem muita lição de vida, muitas histórias; no barco agente conhece muita gente assim, é impagável essa experiência! Desci para procurar uma mercearia para comprar água, suco, uma 51 ice... Esses pequenos municípios são uma incógnita, muito estranho no meio isolado do Amazonas, num fim de mundo, um município tentando sobreviver ao isolamento total, tudo tem que chegar de navio, carro novo, geladeira, comida, bebidas, etc. Muito estranho, a única estrada e rodovia é dentro da cidade! Enquanto o navio descarregava, fui caminhar pela cidadezinha com esse Sr. Dany, um senhor muito simpático e humilde, conversamos muito sobre tudo, sua história, suas vivências... Fantástico! Eu ficava reparando sobre as pessoas e suas convivência aqui, como se divertem, onde gastam dinheiro, etc. Isolamento total. Sem estradas, sem aeroporto, só o rio Amazonas. Apesar desse isolamento, são felizes, porque o Ser Humano se adapta à tudo.

Sexto dia no navio. É interessante você arrumar algumas coisas para não dar tédio, livro, muitos filmes no celular (só tinha 1, aff, deveria ter uns 2 por dia), dormir de dia (nunca consegui)... Mas não deixei cair no tédio. Fui conferir planejamento, rotas, financeiro, editar vídeos, redigir blog, etc. Como não trouxe muitas roupas, estou com o mesmo par de roupas durante aqui no navio, é só procurar não se sujar, soar, a cabine tem ar condicionado, ajuda muito.
Conheci também um francês que está viajando o mundo, um Colombiano mochileiro que vai de barco até Equador, um rapaz que veio de Goiânia para Tabatinga também, o Leniel, atrás de um emprego (que mundo estranho não? Num fim de mundo desses, é de dar dó, o cara largou a faculdade e família lá em Goiânia, provavelmente se der certo aqui ele trará sua família para viver aqui). São histórias & histórias!
Hoje o navio ficou 5 horas parado, descarregando num porto em Tonantis, é muita carga.
A noite paramos mais 3 horas num outro município, Santo Antônio de Iça, domingo à noite, nada melhor que uma caminhada pela pequena cidade, considerada uma das 7 maravilhas do Amazonas, é inacreditável que existe algo assim, agente que moramos longe, temos um "pré"-conceito muito diferente disso aqui tudo né! Achamos que só tem índios, onças, mato e água, quando na verdade é o contrário! Nesses municípios isolados se vê de tudo, até motos esportivas eu vi kkkk. Terra de garimpo, então há pessoas bem estruturadas financeiramente também.
Saímos eu, o Sr. Dany e o Leniel, Leniel já disse, é o rapaz de Goiânia também, está indo para Tabatinga atrás de emprego, coitado. E adivinha só, está em rede, bebendo água filtrada no navio, pegou uma baita diarreia, está mal, também está com muita coceiras pelo corpo devido à água do rio, lembra da dica que dei logo no começo? Dei uma dica para ele pegar água filtrada daqui do navio que bebem, numa pet de 2lts e se enxaguar depois do banho, acredito eu que essa água tem muitos vermes e bactérias, não é frescura, nós que viajamos assim precisamos estar atentos à detalhes assim, uma simples infecção intestinal pode te levar de volta para casa, há, o colombiano e outros 3 também estão adoentados, normal... E como ele e o Dani está sem dinheiro, fomos dar uma caminhada para melhorar e comprei 1 água de 2lts para cada um, sorvete e 1 cx de Bis para dar a molecada aqui no barco que adoraram! Também estou sem grana, mas ainda assim há gente em pior situação, não há como ignorar isso. Quem me dera poder fazer mais...
Ficamos impressionados com o município, contei até 3 hotéis aqui, igrejas e praças que dão inveja à muitas cidades chiques no Brasil! Não tirei fotos porque deixei tudo no navio, apesar de seguro, é bom evitar né.

SEGURANÇA: Muitos perguntam e alertam para os perigos, principalmente quem nunca veio e falam muita bobagem. Não vi nada de errado aqui não, é bom não dar uma de bobo né, claro. Estamos no Brasil. Mas as pessoas aqui são todas muito humildes, simples, e com uma bagagem de vida muito sofrida. Trate bem e será tratado bem. Gentileza gera gentileza!

Antes de vir para cá, comecei a pesquisar sobre o assunto. Lá em Brasília, no Bike Week, encontrei 2 caras famosos por rodar toda América do Sul também, de moto custom, não vou citar os nomes. Mas eles me tocaram o terror aqui, dizendo que aqui nesse trecho de navio toda semana tem ataques de pirataria aos navios, que sobem com fuzis e atacam sem dó nem piedade... Falaram muita coisa (nem vou detalhar), que um deles é policial e trabalhou aqui, era muito frequente, bla bla bla. Isso me deixou preocupado, mas não me deixo levar, já citei aí atrás sobre essas pessoas que aparecem só para distorcer as coisas e criar tempestades em copo dagua né, muitos falam mil coisas (e nunca foram, só ouviu falar, mas são convictos), vou lá e confiro, nunca é assim. Conversei com um senhor aqui, ele faz esses trechos pelo menos umas 10 vezes ao ano e nunca ouviu falar disso, outros também não, em Manaus também não... Resumindo: filtre as ajudas e dicas que recebe, "muitos são os que querem te ver bem, mas nunca melhor do que eles".
Agora... Tem os famosos roubo de celulares para aqueles navios cheio de gente que viaja nas redes, (principalmente de Belém/Manaus) ali tem que ficar mais esperto ainda!

Sétimo dia, o navio saiu quase 1 da manhã e logo às 5h chega em outro porto para descarregar mais ainda, saiu meio-dia. Depois parou de novo em São Paulo de Olivença às 17h e ali ficou até à meia noite, dizem que daqui para o final são mais 19h, tomara (se não fosse essas paradas acredito que chegaríamos uns 2 dias antes, mas, eles vivem disso né). Como já sabia da demora, resolvi descer com o Sr. Deny e caminhar pelo município.
Caramba, que experiência é essa, é indescritível, pois não sou de relatar o fascínio só da beleza, mas do diferente; "não viajo para ver o bonito, viajo para ver o diferente, bonito é a forma como você vê o diferente", é fascinante ver essas comunidades tão isoladas, mas pasmem, tão bonitinhas e funcionais, suas casinhas de madeira, comércio, as pracinhas, movimentações e cotidianos... Show demais.
Outra coisa que notei é que quanto mais se aproxima da fronteira, mais o povo vai falando espanhol! Os indígenas por aqui são bem evoluídos. Fiquei tão feliz com esse momento que resolvi comprar uma Smirnoff ice e um suco para comemorar com o amigo kkkk.
Eu que não dava nada por esse Rio Amazonas... É uma verdadeira excursão turística de aprendizado. Posso dizer que vivi até aqui o que muitas pessoas não viverão em 400 anos!
Amanhã estou apreensivo...

Sobre o navio:
É um navio de grande porte, carrega 1500 toneladas de carga mais uns 300 passageiros. A passagem de Manaus à Tabatinga para quem vai de rede custa R$ 350,00 + sua bagagem que varia muito. Mas engraçado, vejo famílias com 3 pessoas que preferem irem nas redes que pagar 1000 reais para ir numa suíte... Não sabem fazer contas?!!! Sinceramente, tem que avaliar muito, porque rede é muito sofrimento gratuito desnecessário, não é frescura ficar em camarote ou suíte não, é avaliar o investimento e planejamento para um melhor custo/benefício. Agora, para esse pessoal que viaja todo mês e são bem mau remunerados, aí sim... Por isso não devemos julgar nem falar bobagens, cada caso um caso.
Existem outros navios, a maioria ruins, de madeira, menos seguros, principalmente agora na seca, bate muito no fundo e nos troncos das árvores.
Existem os mais rápidos, chamados "À Jato", levam a metade do tempo, são como ônibus, 2 poltronas de cada lado, mas não levam motos.
Não existe estradas, nem aviões quem levam cargas, (só passageiros mesmo, as vezes até compensa para quem não vai de moto ou carro), mas faria tudo novamente de barco, é uma experiência marcante demais, jamais irei esquecer isso tudo.
Amanhã, chegada, vamos ver. Já entrei em contato com um amigo lá, o Marco, que é dono de um hotel (ufa, outro problema resolvido), disse que vai fazer um desconto para mim e me ajudar no avião para Bogotá, bom demais, diminui a preocupação!
Bora rodar!

Último dia no navio. Nunca irei esquecer essa experiência, as incríveis histórias do Equatoriano Sr. Deny, das outras pessoas aqui, os ribeirinhos, as mais lindas noites que já vi, a suíte... Valeu demais a pena ter pesquisado antes para pegar um bom navio, para não transformar isso numa experiência desastrosa por causa de outro navio um pouco mais barato...
Foram 7 dias. Chegamos em Tabatinga às 16:30h. Difícil sair, muita polícia, força nacional, revistando todos. Depois ainda tinha minha moto para tirar no meio de tanta mercadoria e 3 barcos emparelhados fazendo ponte. Mas deu tudo certo. Um tchau de saudade e adentrei à Tabatinga, logo a fronteira e adentrei Letícia, wowwww, estou na Colômbia, tudo muda muito, caramba! Que impacto eu senti!
Procurei ir logo para o Hotel Residencia Marina, do Marco, um cara que dá apoio aqui para quem vai para Bogotá como meu caso. Vai ser muito útil isso! Fez o hotel por 50 reais pra mim, não é um hotel 100%, ventilador, sem café da manhã, mas isso não importa mesmo, visto que a ajuda do cara é tudo. Fiz um câmbio aqui perto. O bom é que ele já vende a passagem de avião para Bogotá, pois o hotel dele é uma agência de turismo também, já comprei para quinta feira, depois de amanhã. A moto sai na quinta também, mas a noite. E na sexta-feira eu já estarei lá em Bogotá para pegar a moto. Amanhã ele, o Marco, vai me dar um help aqui para aduanas e passaporte, pois aqui precisa ir na PF e Aduana colombiana também.
A noite sai para conhecer o centro, a pé, é muita felicidade, adoro isso. Muita gastronomia diferente, lojas, os bonitinhos Tuk-Tuk, etc.
Bora dormir, amanhã é uma luta!

* APRECIEM FOTOS! 























































BÔNUS: 
Finalmente consegui postar o vídeo no YouTube!
Tudo sobre o caos na Venezuela, sobre meu sufoco na Selva da Guiana Inglesa, e outras grandes prosas!

É um vídeo longo, tem conteúdo, portanto pegue seu copo de vinho e bom vídeo!





* 33° DIA: 19/09/2018
   Letícia - 15 km
Levantei e fui procurar uma lavanderia, tem coisas que não dá pra lavar em certos hotéis, enquanto isso caminhar pela linda Letícia, como é lindo esse novo regionalismo!
Uma dica sobre o avião, não compre passagem pessoal para Bogotá usando passaporte, use o RG, fica bem mais barato porque o sistema entende que não é turista e sim habitante local de Tabatinga e eles tem essa "ajudinha". Ainda bem que o Marco saca desses detalhes!
Comecei a fazer a parte chata, a papelada para entrar na Colômbia. Foi uma peregrinação dentro da cidade atrás de muita coisa, num forte calor de 34°.
Primeiro fui atrás da Polícia Federal lá em Tabatinga, com a moto, o Marco falou que aqui tem que dar saída do Brasil, depois fui comprar um filtro de ar na Yamaha de Tabatinga, para o Danilo Couto que está em Bogotá, parado por conta disso, ainda bem que posso ajudá-lo! Depois fui correr atrás do Seguro SOAT obrigatório. Aqui complicou, porque para fazer o seguro, precisava do tal Permisso, para fazer o tal Permisso precisa ir na aduana fazer a migración e carimbar passaporte. Bora lá, trabalhar Hermano!
Voltei ao hotel, peguei a moto e fui ao aeroporto, carimbei passaporte e me deram 90 dias, ok. Voltei à DIAN (igual à nossa Sefaz, lá que faz o Permisso, que é um documento de importação temporário para a moto, é gratuito, precisa da moto presente lá).
Meio dia, a cidade toda fecha, agora só depois das 14h.
Enquanto isso fui comer algo diferente, de rua mesmo, uma limonada muito esquisita, ao invés de açúcar é sal kkk, mas pensa num trem bão! Depois comi um tal de Tamal, é tipo uma pamonha, SQN kkkk. Adoro experimentar gastronomias diferentes assim!
14h, a DIAN abriu e fui pegar o Permisso. Ufa, agora sim, vamos ao SOAT, já são 15h, estou atrasado, precisamos embarcar a moto no aeroporto essa hora.
O SOAT custou 182 reais, aff. Isso porque a moça mudou lá para facilitar. Foda, faz parte. Mas vou dar uma dica, quando for carimbar passaporte, fala pra pessoa que você vai ficar no máximo X dias, que é para ela por o mais perto disso para o Seguro SOAT ficar mais barato, porque o seguro é calculado pela quantidade de dias que o aduaneiro escreveu no passaporte, no meu caso me deram 90 dias.
Feito isso, voltei ao hotel, arrumei umas coisas na moto para ir junto no voo e o Marco foi comigo ao aeroporto, fomos para o local de cargas e a moça já foi fazendo os papéis. Pesar a moto, nossa fiquei muito feliz quando vi o peso, só 210 kg para moto, bagagens, acessórios, tanque cheio, baús lotado... Adorei isso, isso prova que um bom planejamento envolve os equipamentos que prioriza carregar nas viagem. Isso deu 426 mil pesos, 600 reais. Outra despesa triste, mas necessária, infelizmente.
O voo da moto sai amanhã e chega a noite. O meu sai às 14h e chega às 16h.
A moto vai sem frescura, antes agente tinha que correr atrás de mandar fazer um caixote de madeira, envelopar com insulfilm, papel, etc. Era mais caro e um saco. Agora só levar lá e eles se viram, muito melhor. (só depois descobri que essa opção é para quem não se responsabiliza por nada que acontecer com a moto, se não quiser problemas, corra atrás do caixote de segurança, mais abaixo eu conto o resultado).
Também não esperem ver aqueles aeroportos grandes de cidades grandes não, aqui é bem estilo rodoviária de interior, sem estrutura alguma.
Não esqueça de tirar da moto coisas que vai precisar até revê-la. Principalmente a pastinha de documentos.
A noite fui dar outra big caminhada, nesse calorão nada melhor. Vou sentir saudades!













 * 34° DIA: 20/09/2018
   Letícia - Bogotá - Avião 1.172 km
Acordei às 5:30h com um barulho muito forte de pássaros, um show, incrível como tem muitos por aqui, mas são muitos mesmo!
Fui dar uma última longa caminhada por Letícia, vai deixar saudades também. Fui nos parques, numa Panaderia comer coisas baratas e diferentes, café aqui tomam com canudinho kkkk, um delicioso "Peras", tudo por 2,50 reais. Voltei ao hotel, um calorão sem igual, deu 40 graus hoje, o problema é a umidade que faz ficar bem mais quente. Meio dia, pego um Tuk-Tuk para o aeroporto, que top isso, acho massa demais, não entendo porque no Brasil não pode ter essa sustentabilidade, aff.
Dica, não peguem Tuk-Tuk para o aeroporto, eles não podem entrar, tive que ir a pé um bom trecho levando bagagem e capacete, só táxis podem entrar.
Fiz check-in, e aguardar.
O pior aeroporto que vi na vida, estilo rodoviária abandonada do interior. Nada de ar condicionado, todos num ambiente hiper quente, depois nos jogaram para uma sala grande, confinados como gado, por quase 2h, num calor de 40°, e tinha chovido um pouco para piorar a umidade, aff. Que cena, tinha muita gente passando mau, principalmente os gringos. Tinha gente que parecia ter pulado num rio de tão molhado de suor, quase igual eu. Olha, eu conheço calor, mas hoje eu estranhei...
Mas logo entramos no avião, ar condicionado, ufaaaa.
Chegamos em Bogotá, e esse frio aqui? Kkkkk de 40 foi pra 11 hehe.
MANO GOIANO SOFRE DEMAIS, nóis derrete no calor e empedra nesse frio kkk
Bom, sobre a moto, aff, fui lá no outro lugar para ver, a moça disse que só chega lá pelas 2 da madrugada, putz.
Peguei um uber (11 reais) e fui para um hotel barato, me deram um desconto por ter passaporte (sempre tento isso, alguns hotéis dão desconto por causa do iva, bom demais) 45 reais.
Hoje conheci o Danilo Couto, o cara que vai rodar por todas as Américas, por anos! Gente boa demais! Eu trouxe um filtro de ar para ele aqui em Bogotá.
Amanhã cedo vou lá ver a moto e sair amanhã mesmo, não curto cidade grande assim não hem! Mas foi uma pena não ter conhecido Bogotá melhor, tem muito a conhecer por aqui sim!
Agonia, acabar logo com isso, começar a rodar sem parar agora! 













   * 35° DIA: 21/09/2018
   Bogotá - Honda - 216 km
TRAGÉDIA DE ARMERO: É o tema do dia de hoje.
Mas antes...
Quem viaja estilo Expedição, não pode ter frescuras nem ser "Flanelinha". Minha moto chegou no voo, mas tipo carga de balde, eles não tem dó não, quebrou meu suporte da gopro, 2 setas foram arrancadas, baús bem riscados e foda-se. Sorte não ter quebrado a bolha!
Eu não ligo, não deixando a moto inativa, bora rodar. Não tenho esse apego material não. O importante é que tudo deu certo.

Pelos caminhos da vida agente conhece muita gente boa né. Encontrei o Danilo Couto em Bogotá, ixxx batemos o maior papão kkk esse maluco tá rodando bem também, mas sem pressa. Que Deus esteja contigo brother, vá lá, escrever seu livro também. Foi um prazer conhecê-lo!

Também conheci o "Ronaldex Rolando", na verdade agente já vinha trocando msg pelo face, para nos encontrar em Bogotá e seguir subindo a Colômbia. Gente boa também, apesar de estar numa 1200, está tendo paciência comigo kkkk. Viajar de 2 assim é bem legal.

Então marcamos às 10 horas no local onde retirei a moto lá do aeroporto, eu o Danilo e o Ronaldo, o Danilo porque eu entreguei um filtro de ar para ele que trouxe do Brasil e ele tava lá parado esperando esse filtro de ar, o Ronaldo porque a gente já tinha marcado no Facebook e vamos subir juntos pela Colômbia.
Então me despedi do Danilo e partimos eu e Ronaldo, num frio de 11 graus de Bogotá. Um trecho muito bonito por aqui.
Logo começamos a pegar uma grande Serra entre grandes montanhas um show, muito lindo a região, foi assim até as 2 horas da tarde. Serras assim são bonitas, mas é muito chato para andar, cansa muito, são muitas curvas, usa muito a moto e a viagem não rende ao final do dia. Enquanto isso o clima muda drasticamente do frio para um calor de 36 graus, aff.
Logo a frente chego ao meu destino, um dos meus pontos que sempre quis visitar: "A Tragédia de Armero".

A Tragédia de Armero foi uma das maiores consequências da erupção do estratovulcão Nevado del Ruiz em Tolima, Colômbia, em 13 de novembro de 1985. A erupção do vulcão pegou as cidades próximas desprevenidas, mesmo tendo o governo recebido advertências de diversos observatórios Vulcanológicos para evacuar a área, matou mais de 20,000 de um total de 29,000 habitantes.
Filmagens e fotografias de Omayra Sánchez, uma jovem vítima da tragédia foram publicadas ao redor do mundo. E se tornou o símbolo dessa tragédia.
Omayra Sánchez, foi uma garota colombiana que morreu aos treze anos de idade em Armero, vítima da erupção vulcânica.
Depois de uma avalanche destruir sua casa, Sanchez ficou presa sob os escombros, permanecendo assim por três dias. A sua coragem e dignidade tocou os jornalistas e os trabalhadores voluntários que não mediram esforços para confortá-la. Depois de 60 horas de luta, ela morreu em resultado de uma gangrena e hipotermia. A sua morte destacou a falha de funcionários para responder à ameaça do vulcão, em contraste com os esforços de socorristas voluntários que buscavam alcançar e tratar vítimas presas.
Eu tinha 8 anos quando vi na TV isso, e sempre quis ver de perto tudo isso aqui. É um ambiente muito pesado e feio, uma cidade abandonada e soterrada. Que Deus esteja aqui!
Bom, depois de várias fotos e vídeos, partimos eu e Ronaldo para nosso destino de hotel de hoje, Honda. Uma cidade muito bonitinha, como Colômbia é diferentemente linda, estou curtindo aqui! Achamos um hotel barato, com ar e piscina, por 60 reais, show. Saímos para comer algo e dar um passeio a pé pela cidade! Gostei daqui!































   * 36° DIA: 22/09/2018
   Honda - Aguachica - 470 km
Olha, faz tempo que não faço um MotoTurismo assim, quase só tenho passado por passar desde que saí de casa.
Mas fazer o interior da Colômbia é outra experiência inesquecível! Poder beber o famoso café colombiano...
Saímos do hotel e vamos pela Carretera, simples mas cheio de vida, de movimento, dos lindos e fantásticos caminhões Kenworth, vilarejos..., paramos em uma cidade (Puerto Salgar / La Dorada) que é uma base da força aérea, show demais, ali tomamos um café da manhã (eu por mim não como, mas agora com um amigo, tudo muda na rotina né, bom que agente experimenta tudo, café da manhã aqui é bem diferente). Depois seguimos para o famoso Zoológico Particular de Pablo Escobar, Hacienda Nápoles, uma das principais atrações da Colômbia, foi tomada pelo governo e hoje é uma atração turística. Muito caro para entrar, não entramos, mas valeu as fotos na entrada.
Seguimos e paramos para almoçar em Puerto Araújo, (vou engordar desse jeito!), mas uma comida num vilarejo muito top, pedimos uma coisa simples, mas a tia trouxe um monte de coisas, bom que o Ronaldo pagou tudo, é barato por aqui. E no final, claro, um café colombiano.
Tocamos e decidimos ir até Aguachica, cidade grande e caótica, achamos um hotel barato, 45 reais, ótimo, tem ar e garagem. Aqui por essa região é costear uma enorme e bela montanha, show. Saímos a noite para ver a cidade, mas muito medo de tão caótica, buzinas e trânsito lotado de motos.
Tá chegando, um dos meus 4 objetivos de visitar os Extremos Continentais da América do Sul, Punta Gallinas!
Quanto mais se sobe ao norte, mais começo a ver venezuelanos, isso me preocupa. Por aqui também tem o velho assunto de violência, aff.
Vamos lá!














   * 37° DIA: 23/09/2018
   Aguachica - Uribia - 470 km
Hoje foi dia de rodar no calor intenso, por dentre as belas montanhas pela manhã e foi desertando a tarde. Chegamos em Uribia às 16h, a cidade mais ao norte da América do Sul, aqui já havia marcado de encontrar outro amigo, o Leandro Bazotti e sua companhia Carol. Uma cidade bem caótica, sem estrutura, gasolina clandestina e fomos atrás de hotel. Vamos desmontar a moto, tirar tudo, baús, bagagens e vamos enfrentar o deserto de areia amanhã, numa estrada bem ruim, rumo ao meu outro ponto que quero ir, o ponto mais ao norte da América do Sul: Punta Gallinas!
Domingão, vamos curtir um pouco Uribia, uma padaria para comer algo, supermercado para comprar água e bolacha para levar e bora ao hotel!















  * 38° e 39° DIA: 24 e 25/09/2018
   Uribia - Punta Gallinas - Uribia - 350 km
Nada ocorre ao acaso, nenhuma pessoa vem à nós sem um motivo. Esse é um desses momentos, se tivesse ido sozinho, tinha me dado muito mal. Mais um daqueles sufocos para coleção, e provavelmente uma desgraça.
Saímos nós 3 do hotel às 08:30h. Tomamos um café da manhã numa Panaderia, fomos ao ponto do trevo da cidade onde ficam os clandestinos da gasolina, show, é uma briga de concorrentes. Enchi o tanque e comprei uma garrafa Pet de 3 lts para levar por 11 reais só, detalhe, gasolina pura, das top.
Com a moto pura, sem baús e bagagens, ficou bem mais confiante fazer o Off-Road que nos esperava. Os próximos 50 km são de boa, pequeno buracos, mas chão batido.
No caminho o Ronaldo perdeu uma bolsa de roupas, a bagagem do Leandro também cai da moto... Não entendo esses caras que levam até guarda roupa para esses lugares punk. E eu só com a barraca, gasolina extra e 3 lts de água pra beber. Nesse trecho o ideal é não levar nada, só o extremo necessário mesmo.
Perdemos 1h para procurar a mala do Ronaldo, nada.
Logo depois entramos num lugar indicado pelo GPS, fomos indo e depois de um tempo começa a ficar complicado um alagado meio seco e apavorou, pois o barro quiabo até travou a roda dianteira, deu trabalho, atolava e deslizava muito. Até que encontramos um senhorzinho local, numa motinha pequena que ficou até meio bravo conosco porque estávamos ali, ele meio que preocupado dizendo que ali é perigoso, não era para seguir por ali, é rota dos guerrilheiros armados, sem falar que ia dar num outro alagado. Que para Punta Gallinas era para outro lado, ele nos guiaria até um certo ponto...
Fomos seguindo ele por dentro de trincheiras e mato, meio preocupados. Até encontrar um pequeno vilarejo onde paramos e fomos conversar mais. Muito complicado viver ali, como conseguem? Ainda meio receosos, fomos seguindo ele, olhando no gps, íamos para bem diferente da rota do gps e google maps, mas arriscamos assim mesmo. Fomos por trilhas e picadas bem punk, chegando em outro lugar o tio nos mostrou o rumo e nos largou, ele salvou agente. Putz, gps não era mais tão eficiente, porque existem mil estradinhas, um emaranhado, seguir gps não é o correto porque às vezes dava num morro, duna, alagado, atoleiro, etc. Mas fomos usando meio a meio e nos informando com os locais. De vez em quando areia, outro pedras, cascalho, buraco, etc. Olha, vou falar, se tivéssemos vindo 3 dias antes teríamos nos lascados, chuva aqui é suicídio, é aquele barro estilo quiabo e atoleiros enormes, ainda bem que estavam secos ou úmidos só.
Levamos 8:00hs para percorrer 150 km.
Se eu tivesse ido sozinho, teria sido um inferno, ou algo bem pior, porque eu teria insistido em seguir o Google Maps, GPS e teria ido rumo aos alagados e guerrilheiros armados, que temem por aqui. Combinação perfeito para uma desgraça. Deus no comando!
Bom, durante o trajeto existem muitos pontos de Pedágios Solidários, onde crianças pedem coisas. É uma cena triste de ver. Eu já sabia disso e comprei um saco de balas e ainda tenho meus balões, fez sucesso! Mas é muita pobreza, muito isolamento, da dó.
Foi entardecendo, a água que levamos não dava pra beber, fervia. No painel da moto do Ronaldo, marcava 50 graus. Tava complicado. Mas pelo caminho tem uns vilarejos e num deles uma vendinha, ufa, água gelada aqui, top! Descansados e bora tocar. Uns 20 km chegando, o terreno foi ficando mais difícil, pedras pontudas, soltas, buracos, areia, pequenas dunas que as vezes tínhamos que desviar, mas atolava... Até que chegamos no Farol, wowwww, quanta emoção!
Olha, chegar ao Ushuaia foi um sonho, mas chegar à outra ponta do continente, o ponto mais setentrional, foi loucura demais! Dos 4 Extremos aqui é o mais difícil, 2 dias de Off-Road cansativo e braçal. Fotos e Vídeos e fomos procurar as Hospedagens aqui, já prevendo que ia ser caro, trouxe minha barraca somente, sem mais nada. Na primeira, melhor, hotel Luz Mila, era mais cara, uns 60 reais, na segunda mais a frente, Hotel Victoria, 42 reais o quarto, na rede uns 25 reais, ótimo! Depois de um dia assim, vou no quarto mesmo.
Mas não espere comodidade e luxo nesses lugares, água é salobra, banho com balde, quarto bem básico, gerador de energia até as 10 da noite, sem nada. Nem minha necessaire eu levei, só um sabonete emprestado do Hostel Victoria mesmo.
Deixamos coisas no hotel e fomos de moto mais a frente na praia tomar um banho no mar do Caribe e ver o lindo por do sol, top lá.
Voltamos e fomos jantar, 22 reais um prato muito fraco, mas era o que tinha. Tinha muitos turistas lá, apesar de ser isolado, existe um outro meio melhor para chegar, de barco, vá até Cabo De La Vela e pegue um barco para Punta Gallinas, muitos mochileiros lá.
Lua cheia, não precisa mais, que show, que espetáculo...
Hora de dormir, muito difícil ali, não dormi nada, fiquei sempre acordado, tão cansado, tão calor, uma ventania barulhenta, mas nem era isso, as vezes me da dificuldades pra dormir mesmo, não sei porque... Não deu. Até que deu 5h e saí da cama, a lua cheia ainda lá, estava de dia já. Logo acordei os outros 2 e começamos a arrumar. Trouxe uma bolacha e pedi um café lá, porque o Desayuno deles é caro, uns 22 reais (e nem imagino o que deva ser hehe). Saímos e fomos ao farol denovo, top demais, estar à outra ponta do continente... Indescritível.
Não estávamos tão preocupados com o trajeto, pois no Garmin tem uma opção "Track Back", era só ir seguindo o tracejado de volta. É a tecnologia que salva! E o que sempre falo, GPS é Garmin, o resto é lixo, já sou vacinado, de gps sou experiente hehe Multilaser Lixo, nunca mais, veja porque nesse vídeo.
Mesmo assim o trajeto de volta foi punk, sono, não tinha dormido, calor de 50 graus no deserto, sem água fria... Muitos Pedágios, (teve uma hora que fiquei com dó de um menininho, eu parei e ele ficou com tanto medo de mim, achando que eu era um guerrilheiro armado que ia levar ele, ele ficou muito ofegante e quase chorando, pedindo para jogar os chocolates e balões no chão e seguir, enquanto ficou atrás da árvore... Que tristeza meu Deus, quanto mais eu tentava acalmá-lo, mas ele se assustava, fico pensando em tamanho trauma ele deve ter passado para ter ficado assim), mas passamos, quando chegamos a linha do trem, que é a principal, foi alegria, ufaaa.
Quanto a gasolina, não precisava ter levado de Uribia, pelos vilarejos no começo tem muita gasolina pra vender. Também creio que o tanque da moto daria. Rodamos 350 km no total.
No caminho aqui, o Leandro Bazotti e sua companheira, foi para Cabo De La Vela, iam ficar por lá, nos despedimos aqui, valeu demais ter conhecido!
Chegando de volta a Uribia, fomos ao hotel que tínhamos deixado as coisas e vamos ficar para sair amanhã, estávamos detonados. Mesmo assim fui procurar um lava-jato para manutenção da corrente, que ficou muito seca e sofrida, começo a me preocupar, pois tenho que cuidar bem da relação, fazer durar ao máximo.
De volta ao hotel e armar tudo na moto, de boa. Esperar chegar água no hotel, para lavar bota, camisa, um banho..., aqui em Uribia é região desértica, então, não espere conforto também não, água salobra, Internet ruim, mas minha Claro Américas funciona tão bem que até no deserto de Punta Gallinas estava pegando.
Uribia apesar de caótica é bem legal, muita animação e vida, uma pracinha show, gostei desse regionalismo!
Bora dormir mais cedo, amanhã: Cartagena!

































































  * 40° e 41° DIA: 26 e 27/09/2018
   Uribia - Cartagena das Índias - 510 km
Levantamos cedo para aproveitar o dia e amenizar o calor. Deixamos Uribia, pelo caminho à beira mar, a paisagem muda de deserto para floresta tropical, em Palomino uma parada para conhecer o ponto que ficava vendo pelo Street View quando em casa, é show aqui, ótimo para umas férias em hotéis e restaurantes bons, mar do Caribe aqui, show. Mas o foco é Cartagena das Índias! Passamos a enorme Barranquilha, até que 4h chegamos em Cartagena, wowwww impressionante aqui a cidade murada, o mar... Procurar hotel barato, vamos lá, fomos direto para Bocagrande, bairro bem legal, bares e hotéis tops. Até que apareceu um daqueles caras de bicicleta que ficam gritando por hotéis para os turistas, gosto deles, você fala até que preço quer e como quer o hotel, daí você vai com ele e vê se rola! Os hotéis acabam dando uma gorjeta pra eles depois também. Depois de muito rodar, achamos um legal, Hotel Palma Bahia, por R$ 87,00. Não acha menos, a não ser em lugares longe da Cidade Murada, aí não rola, bom é bater perna perto do turismo enquanto a moto descansa, cidade grande tem esse problema, é quase que obrigado a ficar hospedado perto do melhor lugar turístico, sempre há hoteis e pousadas baratas, nunca tive esse problema.
A noite aqui é top, muitos bares e restaurantes agitados e bonitos, fui comer e apreciar o regionalismo, muito legal! Amanhã é lavar roupas e bater perna, ihuuu.

No segundo dia fui cedo provar o tão esperado Café Juan Valdez, wowwww, fantástico, um dos melhores do mundo! Até que enfim provei! Foi uns 7 reais com um bolinho (Porque no Brasil não existe franquias? aff) . Depois fui a praia, tomar um banho no mar do Caribe, água morna, show. Depois voltei ao hotel e arrumei para procurar um lugar pra comprar um adesivo suporte para Gopro que quebrou, peguei um taxi, que aqui é tipo coletivo, vão 5 pessoas dentro até o centro, é um caos esse trânsito, os caras parecem um moto taxi vida-loka kkkk, não sei como não dá acidentes aqui! O trânsito em geral na Colômbia parece não haver lei, não vi até agora, pode ultrapassar em faixa contínua, parar na calçada, furar sinal... eu mesmo ultrapassei em faixa contínua com a polícia atrás de mim na rodovia kkkk, não deu nada, tinha uma fila ultrapassando também kkkk. Paguei uns 3 reais só no taxi. Achei o tal Centro Uno e deu certo ao suporte Gopro. Depois fui caminhar, muito mesmo. Ver de perto o regionalismo. Até que chego no ponto principal de turismo, a tal Cidade Amuralhada ou Murada, é um enorme Forte Cercado, não pode entrar motos e carros a não ser com autorização. Andei tudo, até doer as pernas. É muito rico culturalmente e artístico. Comprei lembrancinhas e voltei ao hotel. O hotel não é dos melhores, mas só de ter ar condicionado, banheiro dentro, garagem do lado de fora mas segura, já ajuda muito, posso lavar muita roupa que tava precisando. Não tem café da manhã. Quanto ao Ronaldo ele tem o modo de fazer turismo ao jeito dele, eu o meu, nos entendemos assim, o importante é aproveitar!
Saí novamente para tentar ver o por do sol lá da cidade murada, aprendi pegar o taxi coletivo, 3 reais, está ótimo. Fui ao ponto principal da cidade murada, muitos turistas lá esperando ver o por do sol, mas não teve, muitas nuvens de chuva, aff. Mas valeu a pena, tem um bar muito badalado lá, só pra elite, fiquei aguando de vontade dos drinks e comidas, visto que não comi nada hoje, só o café do Juan Valdez cedo. Mas é cada vontade que agente passa kkkkk. Um dia quero voltar nuns lugares com grana! Logo o gerente me chama atenção por ficar filmando ali, estava fazendo uma live para o Facebook, tive que sair, meio que... "aqui não é lugar de pobre".
Voltei ao hotel e procurar comida, muita fome, rodei por ali, no BocaGrande, uma Av. só de bares e restaurantes, adoro. E bora dormir, amanhã é pegar serras rumo à Medellín, porém não dá pra chegar lá, vamos ficar na metade do caminho mais ou menos, sem destino, onde der para parar é ali, gosto desse estilo de viajar, sem reserva de hotel, sem algo para tirar a liberdade, para prender... hotel e pousada tem em todo lugar!!



















































































  * 42° DIA: 28/09/2018
   Cartagena das Índias - Caucasia - 345 km
Nada de mais hoje, saímos cedo de Cartagena, com uma dor no coração, e pegamos estrada sem saber onde parar, apesar de poucos km até Medellín, não dava, o trecho tem muitos "Pare e Siga" de obras e depois de Caucasia é subir as serras da cordilheira, tenso isso. Paramos em Caucasia mesmo, uma cidade meia grande, com setores muito agitados, ficamos na av. principal, onde perto tem uma pracinha que estava tendo um festival cultural, é muito massa admirar isso. Curti muito. Na mesma rua um monte de bares disputando qual tem o som maior, putz, como aguentam, engraçado que em todos os bares tem uma placa enorme dizendo "proibido armas", o regionalismo é mesmo uma coisa interessante. Uma cidade muito alegre, gostei.
Amanhã, Medellín, o Ronaldo quer ficar uns dias lá, talvez nos separamos por lá então, não sei...






  * 43° DIA: 29/09/2018
   Caucasia - Medellín - 300 km
Saímos de Caucasia esperando as serras chatas e cheias de curvas...
Antes veio Tarazá, paramos eu e Ronaldo para um desayuno numa Panaderia. Tudo estranho, mas provei uma coisa que nunca mais vou esquecer: Buñuelos, uma daquelas delícias estrangeira com nome estranho que eu gosto de arriscar e quase sempre me dou bem! Gostei tanto que comi 4 bolinhos fritos desses com um café colombiano! Wowww. O povo ficou tão meu amigo que até me arrumou uns de brinde para levar kkkk.
Bora rodar, começa a serra, subindo e subindo sem parar, o esquema é não forçar a moto, fomos até 3000mts, putz. Mas vou falar, não tem nada de enjoativo e chato, foi lindo de doer, até Medellín assim.
No caminho muitas surpresas, povoado de ponta a ponta, show, mais no topo o clima frio, tudo muda, geografia, gastronomia, povo, etc. Cada mirante mais louco que o outro!
Mas antes, uma dica: se vem de Cartagena, não fique em Caucasia, fique em Tarazá, muito melhor e mais bonito.
No caminho vi outra coisa que me chamou atenção, uma grande parada tipo, restaurante, de PanDeQueso Colombiano! Haaaaaaaa para aí né, vamos provar isso! Outra coisa muito gostosa, é diferente do nosso, mas na mesma linhagem. Chega de serras e lindas paisagens, chegando em Medellín, trânsito pesado, lento, paramos num posto, por sorte um cara numa BMW gs800 veio até nós e ficamos conversando lá, disse que ia nos levar até o bairro El Poblado que eu já havia estudado antes para ver onde melhor ficar em Medellín, não curto cidade grande, tudo é longe, perigoso, difícil de achar hotéis, tumultuado, etc. Mas o Ronaldo quis ficar aqui, e aqui vamos nos separar, cada um vai para um roteiro diferente a partir de amanhã. Também, porque não ficar na famosa Medellín né. Esse cara nos levou até lá, ufa, economizou uma canseira para nós, apesar de termos gps, tudo muito longe e cheio. Fomos procura hostels, porque hotel aqui não dá, tudo acima de 150 mil pesos, uns 220 reais. Achamos um hostel bom, por 65 reais, sem café da manhã, sem banheiro dentro, sem TV, mas está ótimo, o preço em primeiro lugar. Yolo Hostel Medellín. Até que é bonitinho aqui, o bom é que dá para ir a pé para os lugares tops.
Como ainda eram 5 horas, tomei um banho e partiu, caminhar, ihuuu.
Medellín - El Poblado - Parque Lleras, decorem, esse é o lugar para ficar. Uma coisa diferente de tudo que você já viu. São uns 12 quarteirões só de bares badalados e chiques, cada um mais lindo que o outro, estilo havaiano, salsa dance, panamenho, caribenho, etc. Show demais. O bom é que por ter muitos, as promoções são disputadas, nem gosto hem kkkk
Rapaaaa, eu vou hem, para fechar o dia com chave de ouro, pedi num bar muito legal, um kit com promoção de se comer e desocupar antes das 8 da noite você ganha 40% de desconto. Cara, hoje foi um dos top até agora.
Porque as chances de se dar bem numa cidade enorme assim são mínimas. O bom é que amanhã é domingo, para sair de Medellín será mais fácil, sem muito trânsito. Comprei uma água de 2lts e voltei ao hostel. Medellín tem muito turismo, uma pena não fazer nenhum, o que me interessaria seria a Plaza de Botero, um aglomerado de esculturas de Botero, show. Mas não deu para ir lá. Por questões de segurança e ter que seguir amanhã.













































  * 44° DIA: 30/09/2018
   Medellín - Parque Nacional do Café - 280 km
Saí de Medellín 06:30h, domingo, transito totalmente diferente de ontem, muito sussa, agora em viagem solo, chuva fina, começa a subir montanhas, mais de 1h subindo, de primeira e segunda marcha, vou falar, as montanhas hoje foram melhores que ontem, um show à parte. Tinha hora que a 3000mts dava pra ver os 2 lados do cume, wowwww. Depois começa a descer e descer tudo, curvas e curvas. Não poderia deixar de passar batido uma Panaderia e o tal Buñuelos com um Café Colombiano do puro num vilarejo top "La Pintada" vou programar para ficar aqui da outra vez! Quando acaba vem os "Pare e Siga", chato isso, muitas obras, estradas ruins, desabamentos, barro e lindas paisagens, bom que se conhece muitos moteros também. A região agrícola vai se intensificando para a cafeicultura, show. Chego em Pereira, enorme. Melhor passar logo, mesmo sendo domingo, parece que aqui nada fecha, meu foco é o Parque Nacional do Café!
Depois de subir de novo as montanhas, estradas finas, chego às 14:30h no parque.
Decepção: não pode entrar devido ao parque já estar cheio. QUE? MOOOOÇO EU VIM DO BRASIL PARA ENTRAR AÍ! Sinto mucho amigo! No hay como! Muita gente com ingresso comprado pela Internet também não pode entrar, deu confusão lá!
Bom, mesmo sendo um dos pontos a visitar na Colômbia, na verdade estava atrás de Café e lembrancinhas aqui da região para comprar, e nos arredores existem muitas lojinhas de lembrancinhas, já me satisfaz.
Bora para outra preocupação, hotel barato, aff.
Nos arredores do parque existem muitos hotéis fazenda, chamados de Finca, isso é bom que melhora os preços. No primeiro do lado que vou vejo um que só fui perguntar por curiosidade mesmo, já sabia que era caríssimo devido ao luxo todo, mas dali seria possível ela me indicar um barato. 150 mil pesos, uns 220 reais, aff. Então perguntei se ela sabia de um por uns 50 reais... Ela me perguntou se eu tinha passaporte, lembra do esquema do passaporte?!
Ela disse que tinha um quarto que poderia fazer por 55 reais, mas lá nos fundos... Opa, eu até perguntei de novo se era isso mesmo kkkk. Nusssss, terminar o dia num hotel fazenda assim, com piscina e tudo mais, era muito top.
Quarto bom, ótimo para sono leve, muito sossegado, la no fundo da fazenda, no meio das arvores. Tá certo que era lá bem longe dos outros de rico, mas tô no paraíso kkkk.
Fui à piscina, não curto muito, mas fui, tô pagando, sou rico agora kkkk. Lavei roupas. E lembrei que o parque ao lado fecha às 18:00hs. Fui às 16h para lá ver o movimento e bisbilhotar às lojinhas. Muita gente saindo do parque. Fui perguntar ao cara da portaria que já me conhecia, se agora que estavam fechando se poderia entrar para umas fotos, ele autorizou, ihuuuuuu, vou entrar sem pagar nada kkkkk.
Subi no mirante, dei uma olhada geral, foi top. Ao sair, agora sim, comprar o tal café para levar pra casa!
Numa das lojinhas tinha um café caro, mais especial, e tinha degustação, esperei na fila para provar, afinal, estava ali para esse grande momento! Quer saber, é bem diferente, intenso e encorpado, mas não gostei. Não porque é ruim, mas porque não estou acostumado à coisa tão boa assim kkk, sou mais abrasileirado kkkkk. Mas valeu cada gota provar esse sabor inesquecível.
Comprei uns 4 pacotes de 125g para levar e umas lembrancinhas baratas, afinal, o que vale aqui é peso e volume para levar né.
Depois de dar uns roles por ali, ficar vendo os táxis engraçados que são Jeeps Willy que se usavam antigamente nas roças de cafés, voltei ao hotel e fui comer algo no restaurante de lá também. Hotel Campestre La Tata! Pode vir e chorar no preço.

O Parque do Café foi fundado em 1995 pela Federação Nacional de Cafeicultores da Colômbia e o Comitê Departamental de Cafeicultores do Quindío; é uma organização sem fins lucrativos que visa preservar o patrimônio cultural e histórico do café na Colômbia.
Todos os anos é visitado por 920.000 turistas. Localizado a doze quilômetros da Armênia e três quilômetros do município de Montenegro, pela estrada que leva a Pueblo Tapao. O parque é dividido em espaços ecológicos e recreativos.
Na entrada há um mirante de 22 metros de altura que lhe dá as boas-vindas a este parque temático, de onde você pode ver o parque e o departamento de Quindío. Em cada um dos lugares os visitantes podem ver réplicas de seis sepulturas da cultura Quimbaya, Quindio casas camponesas, debulhadoras, trituradores, torradeiras e outras máquinas que foram restaurados e sua função é explicado. O parque tem infinitas orquídeas, helicônias e samambaias. (fonte: wikipedia).

Vale a pena conhecer o lugar onde quase 60 países bebem do café mais caro dessa região!
Que dia louco! Uma pena Colômbia estar acabando, tenho só mais 2 dias aqui :(
Amanhã é trocar óleo da moto em algum lugar e tentar rodar ao máximo. Mas curtindo e muito Colômbia!





































  * 45° DIA: 01/10/2018
     Parque Nacional do Café - Cumbitara - 480 km
Acordei 05:30h, para aproveitar o dia. Que lindo lugar que estou, muita natureza!
Saí com destino a Palmira, para trocar óleo na "Yamaha Palmira Distrimotos", que burocracia, não gostei daqui não, não deixam acompanhar o serviço, só pela janela, não dava para lavar corrente, não pode ver como o filtro de ar estava, não pude ver esticando corrente, naaahhhh.
Mas ok, óleo e filtro trocado. Por aqui na Colômbia tem filtros, yamalube, etc. R$ 85,00 2lts de óleo semi e serviços, achei caro. Pois o filtro eu levei.
Depois fui à um dos momentos do dia, comer um Buñuelos e um Café Colombiano top, daqueles de rua, R$ 2,00 com café e 2 bolinhos. Preciso da receita disso!
Pego estrada, chuva fina, nem visto capa.
Pelo caminho um Hermano de moto fica buzinando para eu parar, é um seguidor meu do Instagram, queria muito tirar uma foto comigo, ficou louco de me ver ali no seu país. Legal saber que meus seguidores estão por toda parte, como lá no Suriname, com o Dennis, que até me deu apoio. Obrigado amigos, tamu junto hehehe!
Em Popayán, passo na hora do almoço, é incrível o tanto que esse povo como muito; e bem. Putz, são muitos Parador e Comedoria, muitos mesmo. Nem tava com muita fome, mas essa culinária colombiana me fascina, parei numa Panaderia e fui provar algo pequeno e barato, nussss, outra coisa que nunca mais vou esquecer: "Papas Rellena" caramba, como conseguem? É um bolo grande de arroz, tipo galinhada, com ovo cozido no meio, envolto numa casca crocante, frito, é doido demais kkkkk. R$ 5,00.
E bora seguir. Desde Tarazá, a Cordilheira dos Andes mostra seu fascínio, é um sobe, desce e curvas sem parar. Tenho que ter paciência pois não posso forçar a moto. Não sabia meu destino de hoje, mas queria rodar o máximo porque amanhã tem um ótimo turismo para fazer, Las Lajas, bem na divisa com Equador, então é melhor chegar lá mais cedo. Cheguei em Cumbitara, bem pequeno, ótimo. Outra coisa que tem muito por aqui: hotéis, onde tem tanta gente para tantos hotéis assim hem? Kkkk. Bom para nós, preços bons. Achei um por 48 reais, com ar e garagem. Ótimo. Até a janta é barato, 9 reais. Estava cansado, rodar em serras dia todo é cansativo, sem falar que nos últimos 100 km uma ventania muito forte, me deu até medo, porque às vezes jogava a moto para o acostamento, que é no precipício.
Amanhã é meu último dia na Colômbia, snif...
Consegui economizar muito, pois restou muito do previsto para minha estadia, ótimo! Mesmo assim, já estou em dívida, daqui para frente o que gastar vira dívida no cartão para pagar quando chegar em casa, aff. Até a água eu parei de comprar, estou enchendo onde vejo um bebedor. Mas grana para os Buñuelos e Cafés... Hummm... é sagrado Kkkkk.
Uma coisa que ainda não falei, para os colombianos, ouvir um brasileiro falar é motivo de risos, vai entender né, mas acham muito engraçado kkkk.












 




  * 46° DIA: 02/10/2018
     Cumbitara - Ipiales - 180 km
MEU OBJETIVO FINAL NA COLÔMBIA: "Santuário Las Lajas".
Saí cedinho para aproveitar o dia, muitas serras, essa cordilheira dos Andes é show, dessa vez teve até gelo, muito frio, muitos "Pare e Siga", a moto nas alturas não rende, de 21cv vai para uns 8cv, Pasto, cidade linda; até que chego na tão esperada Ipiales. Cidade grande, mas nem tanto, não é tão caótica, fui logo ao centro, onde já havia pesquisado hotéis. Há muitos hotéis aqui, a maioria sem garagem, não dá. Achei um bom, bem no centro, por 55 reais com café da manhã e garagem, ótimo, "Hotel Internacional El Nogal".
Como cheguei meio-dia, já de propósito, fui procurar uma Peluqueria (cabeleireiro) para raspar essa cabeleira! Depois fui bater perna pela cidade, comprar um perfume barato, foi muito legal a mulher fazer o perfume, montando ingredientes com conta-gotas e pesando e ao final um toque de Feromônios para atrair fêmeas kkkkk, bem que tô precisando, só consigo atrair dragões hehehe.
Depois fui andar mais, até que vejo o que? Uma Papas Rellena na vitrine, não aguentei, 3 reais só kkkk, comi com gosto! Buñuellos e Papas Relena, 2 coisas que vou fazer quando chegar em casa!!
Voltei ao hotel, iria lavar roupas hoje, muita roupa, mas no hotel tem lavanderia, fizeram tudo para mim por 5 reais, haaa, vou fazer isso. Assim aplico meu tempo no turismo, tudo para lavar, amanhã, país novo, tudo limpinho e novo né.
14:00hs, ótimo, banhar e pegar um taxi coletivo por 3 reais para Las Lajas. Fica abaixo da praça principal, são aqueles carros que citei em Cartagena, vá perguntando, a desvantagem é que tem que ficar esperando passageiros.
Ipiales é muito fria, estamos a quase 3000mts de altitude! Todos andam agasalhados, só o Goiano aqui que não né kkk.
O Santuário fica à uns 15 minutos, em Potosi, tem hotéis também, havia pesquisado e não achei, mas ficar em Ipiales foi melhor.
Chegamos, wowwww, é indescritível a sensação de ver tudo isso, quanto mais descia o enorme precipício do Cânion, mais o imponente e fascinante santuário ia dando as cara. É muito organizado e bonito aqui, muito estruturado, investiram bem! Andei por tudo lá, claro, sempre ofegante, afinal, a quase 3000mts de altitude é complicado.

O Santuário de Nuestra Señora de Las Lajas.
O Santuário está localizado no cânion do rio Guaitara no Departamento de Nariño, na Aldeia de Las Lajas,município de Ipiales, no sul da Colômbia e a 10 km do Equador.
Construído sobre uma ponte de dois arcos que cruza o rio Guaitara. A ponte tem 50 metros de altura por 17 metros de largura e 20 metros de comprimento. A altura do Santuário, de sua base até a torre é de 100 metros. O fundo das três naves é uma parede de pedra natural da garganta do Canion e na nave central se vê em destaque a imagem da Virgem do Rosário, pintada por um autor desconhecido em uma laje de pedra.
Por volta de 1754 a imagem da Virgem do Rosário foi descoberta por uma indígena chamada María Mueses com Rosa, sua filha, quando se dirigiam a sua casa; ao verem-se surpreendidas por uma tormenta, María e sua filha buscaram refúgio na beira da estrada entre as cavidades formadas pelas pedras planas e imensas lajes naturais que caracterizam essa zona do cânion do rio. Para surpresa da mãe, a criança que até aquele momento era considerada surda-muda chama sua atenção falando: "Mamãe, a mestiça me chama..."
Fato foi comprovado pelas autoridades católicas e até então é um santuário de muita importância e visitação.
Ana é dia de Aduana chata, mas um país novo a ser explorado, bora lá, que venha EQUADOR!

* Alguns valores na Colômbia:
- Gasolina, tem a comum que chamam de Corrientes: R$ 3,40 em média. Tem a melhor  tipo aditivada, bem mais cara, Premium, R$ 4,60.
- Comida, café e algumas coisas de padaria, em média de 7 reais, aguento o dia com isso. Um almoço gira em torno de uns 10 à 25 reais.
- Hotéis baratos, gira em torno de uns R$ 50 à 90 reais. Mas acha hostel ou hotel de posto de gasolina de estrada por uns 25 reais.




















  * 47° DIA: 03/10/2018
     Ipiales - Quito Equador - 260 km
Bom, assim que saí de Ipiales, caí direto na aduana que é a divisa do Equador com a Colômbia e ali o caos, muita muita gente, muitos venezuelanos, uma fila enorme e eu não sabia o que fazer primeiro. A primeira coisa é entregar aquele papel de salida, aquela entrada da moto, o Permisso, na própria DIAN de lá. Depois, carimbar passaporte de saída, eu fiquei caminhando ali pesquisando e perguntando, um policial me disse que existem três filas, uma para os venezuelanos, uma para os idosos e crianças, e outra para colombianos, estrangeiros como eu e outros que estavam lá, mochileiros, ufa. E aí eu fiquei ali por quase duas horas. Fiquei preocupado com a moto, que ficou lá em cima no estacionamento, mas não é algo muito sério a preocupar, eu levei uma cordinha de aço e trelei as bagagens com cadeado segredo, depois os ambulantes que estavam ali disseram que é seguro, tem muitos turistas, não acredito que seja perigoso assim não, é uma área federal. Depois fui para a aduana do Equador logo abaixo, no Equador muito mais rápido era só fazer o mesmo esquema, carimbo do passaporte e depois fazer o Permisso da moto. Quando saio do carimbo do passaporte eu encontro um amigo do Brasil, o Matheus Oliveira já estava lá me esperando, é muito bom encontrar um brasileiro assim, um cara muito gente boa, agente ja havia se encontrado em Brasília uma vez...uma pena agente ir por caminhos opostos.
Gastei 15 minutos no Equador, enquanto na Colômbia foram mais de duas horas, depois fui com o Matheus até numa próxima cidade, ele ia visitar um cemitério muito bonito lá, nos despedimos. Pelo caminho noto diferenças com a Colômbia, gasolina mais barata, uns R$ 1,55 só, aqui se cobra Pedágio, um saco isso, mesmo sendo muito barato, 20 centavos de dólar, tem que parar, tirar luva, etc, muito enjoado isso, também notei que não há muita gastronomia pela estrada, mas vai melhorando depois. Vim direto para Quito visitar o "Mitad Del Fin Del Mundo" que não é bem em Quito, é numa cidadezinha próxima, uns 20 km de Quito chamado San Antônio.
Achei um hotel, meio caro, 15 dólares, aff, mas era o que tinha, porque já eram 4 horas da tarde e o parque fecha às 5:30 então eu tive que ficar nesse hotelzinho mesmo, bem simples, cheguei guardei a moto, nem deu tempo de tomar um banho, vesti roupa e fui ver o parque da metade de fim do mundo, (ainda à quase 3000mts de altitude, cansa fácil por aqui), aproveitar suas belezas, é incrível, é muito lindo, muito estruturado, é um turismo muito bem organizado, eles investiram muito nesse complexo turístico aqui, gostei muito, fiz várias fotos e vídeos. Tem umas experiências bem interessante que eles fazem ali, tipo, parar um ovo em cima de um prego, bem na linha do Equador, tem aquela experiência de você dar descarga no lado sul, ela gira em sentido horário e no lado norte a água gira em sentido anti-horário, interessante né! É chamado Força Inercial de Coriolis.
Comprei umas lembrancinhas, porque não pode deixar passar batido (até chegar no Atacama, onde vou levar tantas coisas? kkk) e voltei ao hotel para tomar um banho e dar uma descansada, comer alguma coisa numa padaria, porque amanhã tem mais turismo. Amanhã vou direto para Vulcão Quilotoa, que tem o lago mais alto do mundo dentro de sua cratera, depois quero chegar em Baños, onde devo dormir.


  * 48° DIA: 04/10/2018
     Quito - Quilotoa - Baños - 360 km
Saindo da Mitad Del Mundo, atravessei a enorme Quito, na Simon Bolivar, de 62 km de extensão, maravilhosa capital, estradas muito boas, ao sair da Panamericana com direção ao Vulcão Quilotoa, peguei uma estradinha que sobe muito pelas montanhas, chega a 4000 m de altitude e muda totalmente a regionalidade, a geografia e o clima, é tudo muito diferente, muito lindo, muito interiorano, as pessoas na sua simplicidade, suas culturas, seu modo de vida, me impressiona. É um lugar para não ter pressa de andar, mesmo porque a moto a 4 mil metros de altitude não anda muito, estou até pensando em tirar o filtro de ar, outra dica importante: coloque em sua moto, caso não tenha, um aquecedor de manopla, ajuda muito nas regiões frias.
A todo momento paro para uma foto, a região é deslumbrante, o frio aumenta a todo instante, até penso em vestir a capa de chuva, chegando perto da entrada do vulcão existe uma Guarita de organização que cobra 1 dólar a entrada, o local é muito bem estruturado, tem um estacionamento para deixar a moto ou carro e você segue acima, mas eu pedi para a moça deixar eu ir de moto na beira do vulcão e ela deixou, é pertinho, ao chegar lá em cima e visualizar aquele enorme buraco com aquele enorme Lago... É uma sensação indescritível de tão lindo que é. Fiquei quase duas horas no mesmo lugar só visualizando a imensidão Divina, a Beleza do lugar, existem muitos hostel e pois por ali, vale a pena 2 dias, pois há muitos lugares para explorar, depois de muitas fotos e vídeos saí de lá com dor no coração pois teria que chegar em Baños no mesmo dia.
A caminho de Baños novamente pela estrada, a sensação de liberdade e poder aproveitar aquele momento único e com a certeza de que um dia irei voltar, foi emocionante, até que chego a Panamericana novamente e vou com destino à Baños, onde a estrada mostra seu imponente visual com serras e montanhas.
Baños, uma cidade em meio ao vale abaixo nas montanhas, vários paredões de montanhas, alguns deslizamentos, um vulcão e tudo de mais perigo por aqui, não entendo como esse pessoal consegue viver assim, mas muito lindo aqui, a cidadezinha bem interior, é bem aconchegante, muito cheia de hotéis, uma boa dica é sempre ficar no centro onde há os melhores restaurantes, melhores lugares culturais, povo mais bonito, os melhores e mais baratos hotéis, e por sorte achei um hotel por apenas 10 dólares com garagem, muito bom e bem no centro, assim que cheguei já troquei de roupa com pressa, pois já eram 4 da tarde e queria visitar a famosa Casa na Árvore, um lugar famoso mundialmente, me informei sobre os meios para chegar lá, não queria ir de moto, pois sabia que era muito difícil o acesso de moto para lá e também sabia que existia aqueles famosos "Trem da Alegria" que são caminhões ou ônibus cheio de enfeites que levam as pessoas através de pontos turísticos, com sonzão flash-back ligado, muito legal, a vantagem desses carros é que eles vai passando por vários lugares que se você fosse de moto não conseguiria ver nem a metade, por apenas 3 dólares fizemos um verdadeiro Tour pela cidade e pelos pontos melhores da região até chegar na Casa da Árvore. Wowww, aquele ponto que ficava vendo de casa no Google Maps, YouTube... Agora estou aqui, fantástico.
O caminhão do Trem da Alegria para por meia hora nesse lugar enquanto você sobe e paga 1 dólar a entrada e pode balançar nos balanços, pelo precipício, tudo de graça já incluído no preço da entrada, do lado você pode visualizar um vulcão que entrou em erupção em 2016 ainda causa muito terror por aqui, é tudo muito lindo, muita gente brincando, balançando e gritando, é muito divertido, pois o precipício é enorme e o balanço também. Até que chega muitas nuvens e cobre todo lugar, a temperatura cai mais ainda chegando a 2°, impossível ficar ali (vá com blusa de frio). Fomos embora as 18:00hs, imaginando se tivesse vindo de moto para dar uma de "Fodão Estrelinha" só pra economizar 3 dólares, valeu a pena, pois na volta ainda passamos numa fábrica de doces e degustamos muito!
Chego ao hotel, frio, só de camisa, fui tomar um banho e voltar para rua (nesses lugares a primeira pergunta que se faz ao procurar hotel, é ver se tem agua caliente hehe), agora, caminhar pela cidade, ver de perto o regionalismo, comer algo... Senti falta de um turismo noturno por aqui, tipo, aquela movimentação nos bares e restaurantes do centro, estava tudo vazio, o que parece ser movimentado é o turismo do entorno mesmo.
Baños de Agua Santa, é uma cidade na província oriental de Tungurahua, na parte central do Equador. Baños é a segunda cidade mais populosa em Tungurahua, depois de Ambato, e o maior centro turístico. É conhecida como o "Portão para a Amazônia", por estar localizada às margens do rio Pastaza na bacia do rio Amazonas, e possuir uma recente estrada pavimentada para Puyo.
Baños está situada ao norte do vulcão Tungurahua. É famosa por suas fontes hidrotermais de água mineral. A cidade também é um centro de perigrinação religioso católico, por acreditarem que a Virgem Maria apareceu próximo a uma cachoeira. Uma imagem da santa, chamada Virgen de Agua Santa, foi colocada na catedral.
Uma das cidades turísticas mais populares do Equador e é bem conhecida por suas barracas de comidas típicas.
Aqui há muitos mochileiros e turistas pois existem vários tipos de turismos por aqui. Uma pena ir embora amanhã.
É muito ruim fazer um turismo corrido assim, só hoje fiz 2 grandes turismos que deveriam ser feitos em 4 dias, mas tenho minhas necessidades, preciso estar em casa logo, motivo profissional mesmo, por isso tenho cortado alguns turismos, acelerar a rota, por um lado pode parecer ruim, na verdade é, porém não tenho opção. Não sou aposentado e sem preocupação com voltar para casa, é isso ou ficar em casa vendo TV, prefiro assim, pois conheço muitos lugares, sei onde valerá a pena voltar ou não depois, com mais tempo e dinheiro para aplicar.
Mesmo estar corrido assim, sou obrigado a, de vez em quando, colocar 2 dias em 1 só lugar, como amanhã, em Cuenca. Você sabe porque escolhi Cuenca para ficar 2 dias? Amanhã eu conto! Bora rodar!












































  * 49° e 50° DIA: 05 e 06/10/2018
     Baños - Cuenca - 360 km
Saí de Baños com dor no coração já de saudades, é um outro lugar que pretendo voltar, com mais tempo e dinheiro, chuva fina e frio com destino a Cuenca. Peguei umas Rutas pelo interior do Equador, muito show, visto que quase 40% da população equatoriana é rural, existe muita vida, muita agricultura e muita beleza pelo caminho, subindo a Cordilheira dos Andes o frio ficou muito intenso, o aquecedor de manopla da moto quase já não resolvia, até estava pensando em parar para usar a polaina de guidão, mas parei no posto tomar um café quente e esperar um pouco e logo melhorou o tempo, segui pelas Cordilheiras, cada lugar um espetáculo, serras, curvas, subidas e descidas. Até que chego em Cuenca por volta de duas da tarde, é uma cidade grande, já começo a não curtir, porém fui logo para o centro histórico procurar um hotel barato, no primeiro que paro acho por 15 dólares, (Hotel Atenas), não tem garagem mas a pessoa disse que eu poderia colocar a moto no saguão, mesmo assim fui procurar outros hotéis para ver se achava mais barato, rodei pelo centro histórico todo, muito bonito, mas não achei outro hotel barato, pelo contrário tudo muito caro, e como era sexta-feira e final de semana a cidade enche de turista, fui logo para o primeiro, que já tinha olhado, resolvi ficar ali, é um hotel antigo, aqueles de pisos de madeira barulhento, móveis antigos. Assim que coloco a moto para dentro cai muita chuva e o frio se intensifica, eu dei muita sorte, chegar numa cidade grande debaixo de chuva, frio e procurar hotel, é muito tenso.
Como vou ficar dois dias aqui, resolvi lavar muita roupa, tomei um banho de água quente, vesti roupa e blusa de frio e fui para a rua, isso era umas 4:30 da tarde, gosto muito de caminhar pela cidade, conhecer, ver de perto, assim estava pretendendo caminhar até a noite. Enquanto caminhava já ficava olhando onde ia comer à noite, gosto muito de sair para comer à noite, é um dos pontos principais no meu dia! Mas confesso, aqui no Equador é bem mais caro e mais complicado comer do que na Colômbia. Na Colômbia, a gastronomia é muito melhor, mais farta e mais barata. Enquanto aqui no Equador é mais caro e não é tão acessível quanto na Colômbia, mas claro não tira a beleza da região, é só dar uma pesquisada melhor que acha refeição de todos os preços.

MAS PORQUE ESCOLHI 2 DIAS AQUI EM CUENCA?
Cuenca é famosa mundialmente não só por ser Patrimônio da Humanidade, mas também por ser Patrimônio da Humanidade do Chapéu Panamá, aqui se fabrica o verdadeiro chapéu Panamá e vim aqui para comprar o meu, pois no Brasil o verdadeiro Chapéu Panamá, que é daqui, mais baratos, custa na faixa de uns 400 a 800 reais, enquanto aqui consigo comprar por 15 a 30 dólares cada, bom né!
Apesar de o nome nos levar a crer que ele é panamenho, na verdade, sua origem é aqui em Cuenca. Foi em Cuenca que ficou famoso, quando o presidente Roosevelt usou um modelo na inauguração do canal do Panamá, por isso o nome injusto, deste produto que virou patrimônio da humanidade.
Fui conhecer o museu do Chapéu Panamá, muito bonito e legal, pude ver como era e é fabricado hoje o verdadeiro Chapéu Panamá, conheci vários modelos, pude ver na vitrine os modelos mais caros que chegam a custar 1.000 dólares, cerca de 4.000 reais, mas tem outros mais baratos, de 15 à 40 dólares, todos com o selo "Made in Equador", original, não poderia deixar de levar uns para casa, afinal de contas, gosto muito desses chapéus. Uma pena não poder levar muita coisa, pois estou com a bagagem limitada na moto, e pouco dinheiro.
Depois de sair do museu foi aos outros mercados conhecer mais da região enquanto anoitecia foi voltando para a praça principal para comer alguma coisa.
A vida noturna aqui não parece ser tão agitada quanto na Colômbia, as pessoas ficam mais dentro dos hotéis e de suas casas, não vi tanto movimento, também notei isso lá em Baños, não há tanto movimento noturno, estranho!  Só eu numa sexta-feira a noite no lugar mais badalado de Cuenca! kkkk vai entender!

No outro dia cedo, já no sábado, fui dar uma outra caminhada em outro lugar da região, até que encontro o mercado municipal da cidade, muito grande, muito bonito, em três andares, um show de regionalismo e cultura, como estava atrás de algo para comer e não estava achando nada barato, pois um café da manhã por aqui com apenas um café expresso e algo barato para comer, não sai por menos de 12 reais, não dá para comer assim, e lá no mercado achei um café com 2 tortilhas por 6 reais, está ótimo, pude experimentar a comida local, apesar da falta de higiene total por aqui, é sempre bom prestar atenção no que comer e o que não comer, mas gosto de experimentar coisas novas!
Chuva e frio.
Finalmente a tarde saio para comprar meu chapéu, que já tinha olhado no dia anterior, fui direto ao Museu do Chapéu onde estavam em processo de fabricação, pude acompanhar, inclusive fizeram um para mim na hora, acompanhei desde a fabricação até a colocação das cintas e bandeiras, tudo muito especial. Fiquei muito feliz com esse momento, mais essa feliz experiência, de poder comprar o verdadeiro Chapéu Panamá aqui, na raíz de tudo. Faz muitos anos que queria comprar esse chapéu original assim, mas era impossível, pois em Goiânia não acha por menos de 500 reais. Aqui paguei 30 dólares, foi um dinheiro muito bem aplicado. Ganhei o dia com isso.
Fui caminhar e comer algo (é muito seguro caminhar por aqui no centro) e voltei para o hotel, arrumar as coisas, fazer um vídeo para YouTube...
Amanhã, Peru! Seja o que Deus quiser! Deus no comando!













































  * 51° DIA: 07/10/2018
     Cuenca - Máncora (Peru) - 340 km
Domingo cedo deixo a enorme Cuenca com destino aduana (difícil sair dali, mesmo com gps), dos 2.500 metros de altitude começo a descer a Cordilheira dos Andes sem parar até que a região geográfica muda de deserto de cordilheira para um clima tropical e agrícola muito intensa, predominância de plantação de bananas. Até que chego em Huaquillas, onde está a fronteira, na aduana aqui o mesmo caus da Colômbia/Equador, cheio de venezuelanos, porém há uma fila separada para os estrangeiros e locais, até que não havia fila, o problema era encontrar onde ir, não tem informação concreta, é muito difícil de entender as indicações que falam, os prédios são distantes, fui à um monte de lugar mas consegui, o problema foi que a 10 quilômetros atrás não passei na aduana do Equador para entregar o Permisso da moto do Equador, aqui aduana do Equador e do Peru é integrada fica tudo no lado do Peru, porém existe uma aduana do Equador a 10 kms atrás (não entendo porque se há uma integrada adiante), onde você deve entregar o permisso, então tive que voltar lá atrás e entregar o Permisso e voltar para aduana integrada para fazer um novo Permisso para entrar no peru, (uma pessoa inexperiente é bem capaz de sair do Equador e não entregar o Permisso, pronto, está feito o problema quando for retornar um dia hehe), outra grande vantagem dessa Aduana integrada é que aqui se faz o SOAT, que é o seguro obrigatório para entrar no Peru, foi muito bom isso pois não terei que procurar uma cidade próxima para fazer esses SOAT, foram 30 dólares para 30 dias, até pude pagar em doláres, ótimo isso!
Feito todos os trâmites, parto para uma cidade próxima para fazer o câmbio, outro problema, pois era domingo, as lojas oficiais estavam fechadas. E além disso era dia de eleição aqui no Peru também, como no Brasil (não contei ainda, mas por todo o norte que eu estava, sempre me perguntavam porque no Brasil o povo ainda adora o tal PT, Lula...? - Ustedes brasileños locos? não estão vendo como está a Venezuela e ainda querem continuar com esse partido vermelho? eu disse que eu não era PT, tinha pavor desses bandidos, daí agente se entendia kkkkk, sou apolítico, não curto essa corja de políticos bandidos, não gosto nem de discutir política), então a cidade estava um caos de gente, tuk-tuk, táxi, ônibus e muita agitação, mas consegui encontrar os câmbios clandestinos,  não tive outra opção, é só prestar bastante atenção, não dar uma de bobo por ali e prestar bastante atenção nas notas para ver se são falsas ou não. Mas deu tudo certo, feito o câmbio saio dessa cidade grande  (Tumbes) e vou seguindo costeando o lindo Pacífico, até que já são 4 horas da tarde e resolvi parar numa cidade muito aconchegante, Máncora, chegando aqui é fácil de achar Pousada, é uma cidade turística e há muitos hotéis e pousadas baratas, vou direto na praia onde encontro uma pousada de apenas 25 soles que dá uns 30 reais somente, adorei, era tudo que eu precisava, não importa o quarto, seja bom ou ruim só quero passar a noite, tomar um banho, ver a praia e curtir a noite dessa cidade turística muito linda.
Por enquanto, a grande diferença está no preço da gasolina, enquanto no Equador custa 1,50 reais, aqui está à 4,50.

















  * 52° DIA: 08/10/2018
     Máncora - Chiclayo - 440 km
Saí de Máncora com destino ao meu último Ponto Extremo Continental da América do Sul, o ponto Leste: Punta Balcones, pelo caminho o deserto já começa a mostrar sua cara. Chegando em Talara, uma cidade grande petrolífera e base da força aérea do Peru, vou à procura de algum café com alguma coisa para comer, não encontro, é tudo muito difícil comer por aqui também, como no Equador, parece que não existe café da manhã por aqui, as padarias não tem aquele esquema de café e comer alguma coisa, é tudo diferente, em alguns poucos postos de gasolina que se consegue tomar um café simples e comprar uma bolacha, não dá para entender, mas tá, depois de achar um café em um dos muitos posto em Talara, fui à Punta Balcones, um lugar meio abandonado no meio do deserto, pela região petrolífera do Peru, chegando lá outra emoção, pois completava o meu ciclo de quatros pontos extremos da América do Sul visitados, consegui, quanta dificuldade, agradeço tudo meu Deus.
Depois de muitas fotos e vídeos, saí em direção a Chiclayo, pois era meu destino final de hoje para trocar a relação da moto que já está no final, pelo caminho o deserto vai se intensificando, ficando difícil, uma dica aqui entre Piura e Chiclayo não há posto de gasolina, é uma reta de quase 300 km sem nada, só areia, dunas, calor, ventania, deserto total. Independente de como esteja seu tanque de gasolina, encha o tanque, ou em Piura ou Chiclayo, (são 2 cidades bem caóticas, como em todo Peru, tem que ter malícia e ser 'Motoqueiro' dentro dessas cidades, aqui Motociclistas sofrem kkkk), aqui nesse trecho é tudo muito perigoso, pois nada pode dar problema, ou você vai estar bem enrolado, logo a ventania se intensificou, minha relação já estava no final, estava com medo de dar problema, eu estava andando de terceira a quarta marcha à 50, 60 por hora devido a ventania forte, para se ter uma ideia eu gastei quase um tanque de gasolina para rodar pouco mais de 200 quilômetros, até que consegui chegar em Chiclayo, onde iria procurar a concessionária Yamaha que já havia pesquisado para trocar a minha relação, que já tinha comprado lá em Manaus.
Consegui chegar às 4 horas da tarde, ainda dava tempo de trocar relação, porém descobri que é feriado hoje aqui na cidade, segunda-feira, então vou ter que aguardar até amanhã cedo, fui à procura de um hotel barato na região, consegui achar, vou ficando por aqui até amanhã cedo e seja o que Deus quiser.
O hostel que eu escolhi na verdade é um motel, aqui não dá para entender as coisas, às vezes pousada é motel e hotel ou hostel é motel também. O cara deixou eu colocar a moto dentro do saguão, mas eu tive que tirar os baús laterais para entrar.
Mas complicado mesmo está sendo para comer. Logo muda e vou me adaptando.
Chiclayo é a quarta cidade mais populosa do Peru, com uma população de 629.990, compreendendo 6 distritos urbanos. Agora pensa nisso com um trânsito de pura buzina, às vezes sem asfalto, tuk-tuk e pequenos táxis coletivos aos montes e dá-lhes buzina kkkk.














  * 53° DIA: 09/10/2018
     Chiclayo - Chao - 290 km
Às 8:30 eu já estava na porta da concessionária da "Chiclayo Yamaha Motor" para trocar o kit de transmissão, esperei eles abrirem e eles foram muito gentis comigo e começaram a fazer o serviço, foram duas horas tudo, dando uma geral na moto, e eu já preocupado em quanto ficaria todo esse serviço, visto que eles são muito caprichosos, depois de muito bate-papo com pessoal super gente fina, fui perguntar quanto que ficaria o serviço e eles me disseram que não é nada, que não teria que pagar, são suporte que eles dão para moto viageiros, além disso tudo me deram uma camiseta de brinde, fiquei até sem graça, mas agradeci muito e ainda fiz uma publicação, ganhei o dia com isso tudo. wow!
Às 11:30 saí dali, atravessei a enorme e caótica Chiclayo, já procurando um posto de gasolina que tenha uma loja de conveniência para tomar um café e comer alguma coisa, não achei nada, foram muitos postos e nenhum tinha nada para tomar, também não achei nenhuma padaria para comer, depois de muito andar achei um mercadinho que também não tinha nada, só uma bolachinha e um café, que aqui eles dão num copo grande como se fosse suco, mas era o que tinha. Então vamos lá, depois peguei estrada, a linda Panamericana Sul, não sabia aonde ia dormir, gosto de deixar rolar para ver onde que vai dar, é Deus quem sabe.
Em Trujillo, Passei no ponto turístico não muito interessante, mas vale a pena passar e tirar umas fotos, é a Huaca Del Sol, são ruínas que foram soterradas pelas Dunas e estão sendo descobertas agora, depois rodei mais uns 60 km e fui parar em Chao, um pequeno Pueblo muito bonito e aconchegante, aqui no interior do Peru sempre que chego nesses vilarejos, vou direto a tal Plaza de Armas, onde fica os melhores lugares, mais bonitos, mais aconchegantes, hotéis mais baratos. Como ainda era 4:30, fui passear pela cidade, ver a praça, tudo muito lindo, tinha uns adolescentes e jovens fazendo dança folclórica nessa Plaza de Armas, show demais, acho que estavam ensaiando para algum festival. Fiquei ali pensando e comparando como são as danças de subculturas dos jovens brasileiros e os de cá. Sem comparação!
Fui comer algo, minha única refeição, e a mesma de ontem, o tal 1/4 de Pollo, que é um pedaço grande de frango assado, com fritas, batata frita e salada, ganha um copo grande de Suco de Chicha (um tipo de milho roxo, típico daqui). É gostoso, sustenta! É o PF deles aqui, R$ 15,00.
Como o hotel é de frente à praça, fiquei ali vendo o movimento e depois fui dormir ao som das músicas típicas daqui, muito lindas!
















  * 54° e 55° DIA: 10 e 11/10/2018
     Chao - Camping Laguna Parón - Huaraz - 320 km
Hora difícil aqui no Peru, tentar encontrar um café da manhã para tomar, não foi fácil, tive que ir numa boca de porco hehe, assim que saí da cidade, logo uma estrada de chão muito ruim, pelo caminho muita agricultura, muita paisagem linda, muito desabamento e muitas cidades soterradas entre as montanhas, é muito difícil de ver como alguém consegue viver num lugar assim, quanto mais adentro a região mais vou subindo as montanhas e vai ficando tudo muito bonito. O Canon Del Pato é uma das estradas mais perigosas e fascinantes que eu já vi, vários túneis e várias precipícios enormes. Às vezes a estrada é tão fina que só passa um carro, tive vários sustos aqui, até que chego na cidade de Caraz, onde iria começar a subir a Cordilheira Blanca para acampar hoje ainda na famosa Laguna Parón, fiz umas compras para o camping e comecei a subir a Cordilheira, são apenas 35 km, mas levei 3 horas para chegar lá, um caminho muito difícil, muito perigoso e muito abandonado, a 4500mts de atitude, pelo caminho uma chancela que cobra 6 reais para entrar ao parque, logo começa a subir muito, a moto quase não pega segunda, somente primeira marcha e forçando muito, várias cachoeiras se formam pelo derretimento das neves, é um espetáculo sem igual. Estrada muito fina e subindo a Cordilheira, até que às 15:30 consigo chegar ao ponto turístico lá, tem uma cabana onde ficam dois guardas que cuidam do local, é bem estruturado, se você quiser pode pagar para dormir em um dos quartos, tem onde tomar banho, só com água gelada, não rola, fui caçar um rumo de armar minha barraca, como ainda eram 16h ainda, dava tempo de apreciar o lugar, fazer muitas fotos e vídeos, foi a primeira vez que passei mal da altitude, pois caminhava muito e depois fui armar a barraca e isso me deu tontura, enjoo e dor de cabeça, tive que sentar e parar um pouco, mas também se deve à eu não ter comido nada o dia todo, quanto mais se aproximava do final da tarde mas o frio ia ficando dolorido, dolorido mesmo, até que fica meio insuportável, pois já estava a zero grau, nessas horas, investir em um bom equipamento é fundamental, tenho um Saco de Dormir, da Deuter, para -29°, mesmo assim deu trabalho, pq esse valor é para salvar da hipotermia, geralmente a temperatura conforto dele é de -2. Mas tive uma sorte danada de não estar chovendo e nem estar nevando foi ótimo, encontrei um venezuelano aqui, muito gente boa, o Rigo, que é Mochileiro, estava apreciando local também, pelo menos uma companhia para um camping de hoje, assim fizemos as nossas comidas e ficamos conversando, já era de noite, o frio era tanto que doía os pés e a mãos, passei muito frio à noite, mesmo estando muito preparado, de vez em quando eu ouvia uns estrondos aterrorizantes muito forte, parecendo um trovão, era avalanches de neve, sinistro, há quem durma com isso kkkk.

No outro dia, acordei às 6, abro a janela da minha mansão e dou de cara com aquele espetáculo da natureza... Ohhhh benção.
Fiz um café no meu fogareiro, compartilhei com o Rigo e os guardas que moram aqui, gente fina também, e ficamos conversando enquanto o sol se vinha entre as montanhas. Olha... É uma cena inesquecível. Os guardas que ali trabalham, são bem nativos, falavam uma lingua muito estranha, nota-se que são bem ancestrais, com costumes e vestimentas diferentes.
A solidão imponente do plenilúnio me trás essa majestosa e indizível beleza.
A idéia de Deus, me envolve o pensamento, arrancando-me respeito e gratidão, rendo me ao culto de amor eterno que cria sublimes de silêncio e paz onde estou agora, com refrigerio de minha alma, aqui nesse pequeno espaço da crosta terrena, uma simples Laguna Parón.
Infelizmente é ir embora, valeu mais essa experiência.
Para descer a Cordilheira foram 2:30h, nem tava mais frio. Ficava observando os locais e suas vidas cotidianas, muito enriquecedor essa experiência que estou vivendo agora.
Em Caraz, fui procurar um lava-jato para corrente da moto, depois um Motul C4, ótimo, vamos cuidar da relação. Meu destino de hoje é Huaraz, uma cidade meio grande, mas uma base para os turistas que querem se aventurar pela Cordillera Blanca. Pelo caminho, entre as montanhas, um cenário sem igual, todas com picos de neves, lindo demais, só lamento muito, mas muito mesmo de ter cortado a famosa Punta Olímpica, como achei ruim isso, mas preciso deixar para outra oportunidade, já me foi definido data e horário para chegar em Goiânia :( Chego em Huaraz 15:30h, vou direto à Plaza de Armas (toda cidade no Peru tem uma), um pouco de trabalho para achar um hotel com estacionamento, mas ok. Fui lavar roupas e banho, estava precisando de um banho quente. Começou a esfriar rapidamente aqui, mas fui caminhar pela cidade, show, esse Peru é top demais! Muita cultura e regionalismo!
Hoje fui provar a tão famosa "Inca kola" um tradicional refrigerante do Peru rsss, é diferente, e também não poderia deixar de comer o tão tradicional "Aeropuerto" num restaurante Chifa.
"Não tenha medo da morte, mas da vida não vivida".

































































  * 56° DIA: 12/10/2018
     Huaraz - Chancay - 340 km
Saí cedo de Huaraz ainda com muito frio, através das Cordilheira Blanca fui subindo cada vez mais através de um show de montanhas, picos de neve e belas paisagens, parei num pequeno vilarejo para tomar um café, que na verdade era uma espécie de lanchonete onde só tomavam sopa, sopas de todo tipo, para tomar meu café o cara teve que fazer do zero hehehe, fui apreciar os locais e seguir adiante, cada vez mais belas paisagens. Até que a 4.000 metros de altitude a vegetação muda, o clima muda, o aquecedor de manopla da moto quase não resolve, pois esquenta a palma da mão, mas as pontas dos dedos ficam geladas!
Paro a todo momento para tirar fotos e vídeos, a viagem não rende, tudo muito lindo aqui em cima, até que começa a descer rumo ao pacífico, são 300 km descendo as Cordilheira, muito lindo, não há como negar, foi um dos lugares mais belos que já passei e aqui marco, como em muitos outros pontos, um lugar que quero voltar para ficar semanas apreciando e turistando. Cordillera Blanca, jamais esquecerei!
Chegando ao Pacífico, a região começa a mudar de agricultura para deserto, só areia e o mar, a dúvida: onde dormir hoje, pois não queria chegar em Lima final da tarde e ainda ter que procurar hotel, não curto cidade grande, então comecei a olhar o Google Maps e achei uma cidadezinha antes e é aqui que vou ficar, tem uns pontos turísticos e muitos hotéis pequenos é sinal que é um lugar turístico e hotéis barato, Chancay, escolhi uma pousada ao lado de um castelo turístico e no mar pensando que ia ser melhor, mas fugir da regra de ficar sempre na Plaza de Armas, me dei mal dessa vez, pois o castelo cobrava quase 20 reais a entrada e olhando no Google Maps avaliações e fotos não compensava entrar lá, vou guardar meu dinheiro para comida mais tarde, o mar logo atrás do hotel é muito feio e muito fedido, aliás, a cidade toda tem um cheiro muito forte e estranho, tipo de cachorro molhado, acho que algo a ver com o mar... mesmo assim saí para caminhar rumo à Plaza de Armas, que era onde eu deveria ter ficado, fiquei lá um tempão, comi num restaurante chinês/peruano uma comida muito boa e barata, acho que agora acertei onde comer, os famosos Chinfa, é muita comida e muito barato por 15 reais você come muito, depois caminhei muito até o hotel e fui dormir pois amanhã é dia de atravessar Lima e trocar o óleo da moto na concessionária Yamaha.





















  * 57° e 58° DIA: 13 e 14/10/2018
     Chancay - Huacachina - 390 km
Saí da fedida Chancay, com forte neblina. Quanto mais se aproxima de Lima, mais o trânsito fica caótico, ao ponto de parar por meia hora num só lugar, aff. Muitas carretas, aqui não tem leis de trânsito, é uma bagunça e até perigoso, pois direto alguém avança sinal, retorna, ultrapassa em faixa contínua, etc. O que manda aqui é a buzina. Tem que ser motoqueiro aqui, Motociclista não!
Como é um complexo enorme de cidades, coloco o GPS para me levar à cc yamaha daqui, não gosto de gps para traçar rotas, vejo muito problemas nisso, ele é burro para isso, tenho um vídeo no meu Canal sobre criar roteiros no Google Maps e passar para o GPS Garmin, muito melhor e mais eficiente. Ele me enviou para 2 ruas atrás da CC. Como sempre, fui ao celular e dá-lhe Google Maps.
É uma cc grande, muitas motos diferentes.
Mas de cara já não gostei muito. Eu passei raiva de ficar carregando aqueles restos de óleo na moto, para chegar aqui e ter que comprar 2 litros de outro óleo, minha moto é 1,45lt, porque aqui não tem óleo da mesma especificação, aff. É inferior, nem é MA2, é só MA. Deixei meio litro lá e os meus meio litros também, te obrigam a comprar 2lts, não curti isso. Sem falar que lá também não tinha filtro de óleo, mesmo eles tendo tenere 250 lá para vender, tive que usar o meu último filtro. Muito fraco e caro aqui, não recomendo: "Yamaha Motor Peru".
85 reais tudo, nunca mais.
Saí de lá contrariado, mas fui curtir Lima que não vou poder ficar. É muito lindo aqui, principalmente a Orla em Miraflores e Barranco. Apesar do entorno ruim, o centrão é bem legal, diferente.
Outra coisa que notei é que daqui para baixo, já começa a aparecer os postos de gasolina que tem Loja de Conveniências, tem umas muito top e grandes.
Consigo sair da grande Lima, foram 5 horas no total! Pego a rodovia, linda e grande, neblinas continuam, até que vem a ventania e tempestades de areia, mas logo passa e chego ao meu destino de hoje, Huacachina, um lindo Oásis no meio do deserto de areia, show.
Cidadezinha muito pequena, claro, mas muitos turistas, muito mesmo. Eles geralmente ficam na cidade próxima, Ica, mas muito grande lá, não curto. Fui procurar hotel aqui, uma outra dica: Vá num hotel grande e bom, daqueles de ricos e pergunte se há "Quarto Compartido", hostel, são várias pessoas dentro do mesmo quarto, são muito mais baratos, mas o esquema está em perguntar se pode ficar Solo no quarto, as vezes não tem ninguém, porque daí fica quase a mesma coisa, só o banheiro é do lado de fora, sem problemas. 30 reais só hehehe, adorei. Com garagem, piscina (mas está frio), ótima localização e muito bom. Mesmo sendo na parte de hostel, é bem melhor que muitos hotéis mais caros que fiquei.
Como já eram 17h, fui tomar banho e tentar subir as dunas para uma foto, wowwww, fantástico aqui, ainda bem que escolhi ficar 2 dias, preciso dar uma descansada de rodar todos os dias, vai acumulando coisas.

No outro dia, acordei 8h, nussss, nunca consigo dormir tanto kkk, sinal de que o hotel é bom, e é, um quarto só pra mim, num lugar sossegado, cama e coberta boa de hotel de rico kkkk. Foi um ganho e tanto aqui! Fui atualizar o Blog e depois dar um role na linda Huacachina, não poderia deixar de comprar um chapéu de lembrança daqui, barato, 20 soles. Depois fui subir um lado das dunas para fotos e vídeos, vídeo ao vivo para o Face, top, sol quente, muito protetor solar e vamos caminhar, cansa muito.
Não almocei, como sempre, pra ajudar a pagar o chapéu kkkk. Voltei ao hotel, como tem computador aqui para os hóspedes, fui fazer backups dos meus Sdcard da gopro para um HD externo que trouxe, ótimo, uma preocupação a menos. Já são 4 da tarde, banho e bora subir o outro lado das dunas, muito difícil, minhas pernas doem muito. O por do sol mais lindo do mundo, wowwww, fantástico aqui. Muitos gringos, é um ambiente perfeito, o momento perfeito para registrar na memória como inesquecível.
Desci e fui à pracinha, estava tendo um show cultural, perfeito para encerrar o entardecer! Amo muito tudo isso! A vida noturna aqui também é legal, nos bares do entorno da Laguna ficam cheio de turistas, bares disputando preços e melhores drinks, ótimo! Aqui também tem o famoso "Happy Hour", que são promoção de drinks, você paga 1 e leva 3 ou 4 do mesmo hehehe.
Olha... Outro ponto marcado como prioridade top para voltar!
Amanhã, subir para Machu Picchu, 2 dias.


















































  * 59° DIA: 15/10/2018
     Huacachina - Chalhuanca - 490 km
Como a dona da Hosteria Suiza fez o café da manhã para mim por 5 reais, aproveitei, sai mais barato que tomar na rua, que seria difícil de encontrar. Vai deixar saudades essa tal Huacachina!
Saí rumo à Nazca, começa o deserto, logo o mirante da Linhas de Nazca, na beira da estrada mesmo, paga 3 soles, fiz umas fotos e fui embora. Para quem quiser curtir mais e melhor essas linhas tão misteriosas, na cidade de Nazca tem voos para ver do alto as maiores, vale a pena.
Em Nazca troquei meu filtro de ar que trouxe de Manaus, visto que não vou pegar poeira mais, só asfalto e subir montanhas, a moto agradece.
Logo começa a subir as montanhas, e não para mais, do calor do deserto, logo chega a 4000mts e começa o frio e vai aumentando.
Cheguei num ponto que avistei chuva, parei e vesti Capa de Chuva e aproveitei para me preparar para o frio que iria enfrentar, guanacos perto de mim, quando vejo guanacos é porque estou a mais de 4000mt hehe. Polaina de Guidon, isso ajuda muito. Balaclava de qualidade, outro item essencial. E algumas capas para bolsas... Vamos lá. Nessa altura, a moto não rende, logo mais Guanacos e Llhamas, pulam na pista feito doidinhas kkkk. Desde Nazca, só curvas e serras fechadas, mas aqui para frente, nas alturas, o frio ficou bem intenso, para piorar vem chuva, wowwww, essa para mim é novidade, gelo! A coisa foi ficando tão forte que logo tinha gelo nos 2 lados da pista. Não dava pra parar, pegar o celular e tirar fotos, de tão desconfortável que estava. Outro item que salva a vida aqui: Aquecedor de Manopla, como ajuda!
Meu medo agora é gelo na pista, aí é queda. Em alguns momentos a moto balançava, sentia que era o gelo na pista, temia piorar mais.
Mas moço, passei apurado aqui, mesmo com capa de chuva, aquecedor de manopla ligado, roupa de cordura, balaclava, ainda assim estava tremendo de frio. Imagina sem isso tudo, ou com coisas baratas? Por isso a importância de investir em equipamentos de qualidade, ao invés de economizar. E já eram 5 da tarde e tinha que rodar muito ainda. Logo começa a descer as montanhas, sinal de que vai melhorar. Uma paisagem sem igual, tanto no gelo quanto aqui só deu pra fazer vídeos com a gopro que tava no capacete, mais fácil.
Depois da linda serra, já às 18:00hs, chego a cidade que vou dormir, Chalhuanca, foram 480 km hoje, de serras e curvas, bem puchado (por isso digo que nunca dá para fazer de Cusco à Nazca em 1 dia só, não tente). Nem fui procurar muito hotel, achei um por 43 reais com garagem, muito fraco, ruim, vai esse mesmo, fedido demais, mas estava tão cansado e com vontade de um banho quente e comer algo que nem ligo pra luxo.
Cidadezinha top, como todas no Peru, fui comer o arroz e feijão deles, que é frango assado com fritas. Enquanto passeava pela pracinha, algumas crianças rindo de mim e comentando: "olha, aqueles tipos de pessoas dos EUA" kkkk. E voltei para dormir, nesse frio.
Vamos ver o que aguarda amanhã, quero chegar mais cedo em Ollantaytambo para estudar como fazer para ir à Machu Picchu!
A moto tem aguentado bem, não estou forçando muito não, tipo, 50 à 70% motor no máximo, que dá uma velocidade média entre 70 à 100. Tá bom assim, mas no final do dia a velocidade média fica em 60 km/h.
























  * 60° DIA: 16/10/2018
     Chalhuanca - Ollantaytambo - 340 km
Dificuldades de achar café aqui, nada. Mas achei num restaurante, muito estranho, em forma líquida para temperar. Mano, esquece café no Peru, é coisa rara hehe.
Logo depois, serras e montanhas, hora sobe muito, hora desce muito, chuva e frio, mas nada como ontem, ufa.
De Inquipata à Urubamba peguei uma estrada de chão muito ruim, detonou isso, porque tem umas estradas de chão que são empedradas, pontiagudas, com buracos e pedras.
Mas às 15h chego em Ollantaytambo, meu destino de hoje para estudar sobre como chegar à Machu Picchu. Cidade muito turística, logo achei um hotel barato, 29 reais com garagem. Hospedaje Aclla Wasi. Não espere muito.
Fui à Plaza de Armas, na Informações Turísticas.
Logo chego a uma decisão de como chegar lá em Machu Picchu, vou de Van, daqui até a tal Hidroelétrica, e de lá a pé para Aguascalientes. A Van cobra 35 soles (uns 42 reais) para ir e 35 para voltar. De gasolina eu iria gastar 50 reais, de Van vai me custar 80 reais. Mas a questão é que além de economizar gasolina e a canseira de ir de moto e ter que pagar uma diária de hotel em Santa Teresa para deixar a moto e bagagem, está chovendo e muito frio, seria burrice ir de moto, no final das contas sairia mais caro com a hospedagem em Santa Teresa. Muita Serra, estrada de chão e provavelmente gelo, hoje o tempo está muito frio, chuva e para amanhã penso piorar.
Além disso, se fosse para Santa Teresa, teria que pagar um taxi para a hidroelétrica, enquanto a Van daqui já deixaria lá.
Existe outra opção mais chique, que seria o trem, esse sim seria top, mas a passagem ida e volta custa 140 dólares, inviável isso. Apesar de que o trem chega até Aguascalientes.
Então, vamos lá, às 9h a Van sai daqui de Ollantaytambo. Enquanto isso vou curtir o vilarejo e comer algo.
Vou explicar melhor depois, com valores!















 ... CONTINUA ... 







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